quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

inesperado

Como um golpe inesperado, ela ficou sabendo da verdade. E toda aquela imagem que construíra,
depois de meses, foi destruída. Forçou-se a pensar de novo, tentar achar erros, ganchos, brechas.
Sentiu-se ingênua. (Quem diria!)
Havia tomado tanto cuidado, foram tantos avisos!
E definitivamente saíra-se bem, até então.
E não que seja o fim do mundo, ela não é assim tão dramática e logo logo já terá esquecido tudo.
Mas agora, enquanto as palavras ainda ardem frescas em sua mente, sente-se tola.
Realmente tinha achado que poderia ser diferente e que a imagem que os outros tinham estava errada, possivelmente distorcida. Talvez  ela só quisesse provar que nem tudo é o que parece e que ela era capaz de enxergar além do julgamento, capaz de mudar o outro.
Que ilusão.
Foi enganada assim como todas as outras.
E agora fica se questionando, imaginando. Talvez seja melhor deixar pra lá, certas coisas ficam mais fáceis esquecidas, trancafiadas, encostadas no fundo de um baú.
Incrédula, fica inquieta. Quer confrontá-lo, exigir as verdades inteiras, está cansada das meias.
Mas do que adiantaria? Indaga-se.
Liga a música, pega um livro e vai ler.
Fantasias não decepcionam.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

reerguer


Talvez em meio ao devaneios, ela tenha se perdido.Com tantos sonhos, tantas dúvidas, medos e inseguranças, num mar tempestuoso, cheio de ondas que sobem tão alto e descem bruscamente, a levando ao chão. Talvez sua máscara esteja desgastada, a concha pequena demais para abrigar todos seus pensamentos críticos e temidos. Mas pode ser que seja o peso do amadurecer, do constatar que és mulher e não menina. Aceitar dias difíceis, inseguranças. Entender que não dá pra saber o amanhã e que não adianta morrer de ansiedade por isso. Talvez seja o fato de ser sempre a conselheira, a que dá os conselhos certos, que ouve os obrigada por tudo, por ser quem você é, por saber dizer o que preciso ouvir, seja bom ou ruim. Talvez agora consiga enxergar como é difícil pros que pedem ajuda. Baixar a guarda e abrir a casa, deixar entrar e ver seus rasgos, cicatrizes. Tantas feridas ainda abertas, que custam a sarar. E o que faz agora? Pra onde vai? Como fica? E então chora descompassadamente. Mas lembra de alguns ombros que sempre estiveram ali e que não vão desistir de você. Porque foi você que os buscou no fundo do poço e quando é pra valer não dá pra esquecer.  Tantas vezes foi puxando a corda do baldinho lentamente, para que cada um conseguisse voltar a si. Às vezes mudados, tantas vezes feridos, em cacos. Mas juntando todos os pedaços, juntos se reergueram. E por que agora seria diferente? Talvez só precise entrar no balde, mas ele parece tão obscuro daqui. E lembra daquela voz dizendo firme: " nós não vamos desistir de você, nem que tenhamos que te arrastar". E então respira fundo, toma coragem e vai. Um passo de cada vez, vai ao encontro daqueles velhos rostos conhecidos, acolhedores. Pronta pra uma longa conversa com muitas lágrimas, mas tem certeza que com um sorriso no final.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

última estação

ponto final eu não costumo colocar,
prefiro vírgulas, que dão continuidade
ou reticências, indício de que tem mais...
mas terminar, dar fim,
é difícil e na maioria das vezes dói...
então desculpe-me fazer assim,
e chame de covardia se quiser,
mas é isso,
acabou,
fim da linha,
o trem ja parou e o onibus passou,
enfim chegou,
o ponto final.

anita se foi

um sentimentalismo barato,
que lembra de ti em meio a poemas.

uma recordação ingrata,
daquele dia ótimo,
que fere ao invés de fazer sorrir.

um arrepio gélido,
de raiva e não de tesão.

um grito de rancor,
e não de prazer.

por que?
por que fostes embora, anita?
por que não me quisestes mais?

tu tinhas aquele sorriso certeiro,
que me derretia
e que não esquecerei jamais.

a menina racional

talvez ela só quisesse ser compreendida.
passou-se de louca, tantas vezes, sem ligar.
mas em sua insegurança,
só,
precisava de alguém.

que a abrassasse sem nada falar,
que a intimidassse só com o olhar.

e toda vez que suspirava,
imaginando ter encontrado,
chocava-se num muro de gelo,
firme, nítido, enorme.

com o calor dentro de si
tentava derretê-lo,
em vão.
saía ferida, exausta.
e muitas vezes pragueja, prometendo desistir.


depois de inúmeras tentativas
percebeu que tinha algo errado.
as expectativas estavam corroendo-a por inteiro,
e já não sabia mais como agir.

deixou o coração e a imaginação trancados,
e presa pela encruzilhada,
escolheu o lado racional.

mas ela sabe,
e ainda se pega sonhando,
despercebida.

então fecha as asas, bota os pés no chão
e segue em frente, como deve ser.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sinto falta das mensagens de bom dia
Do se cuide e nos vemos mais tarde
Do vamos tentar se ver hoje.

Do e aí, como ta seu dia? E das ligações..
De ouvir sua voz quando menos esperava
Dos convites inusitados.

Dos cinemas que fomos 
E dos filmes que não vimos.
Do seu quarto que não conheci
E da promessa sua de que um dia lá ficaríamos juntinhos.

Sinto falta do que poderia ter sido,
Do pouco que cheguei a projetar pra nós.
Sinto falta mas não sofro,
Ouvi uns espertos e não mergulhei.
Ignorei expectativas e vivi.
Graciosamente e com calma,
Sem ansiedades e aflições,
Curti cada momento nosso
E agora digo adeus.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

colo

e hoje, mais que nunca, eu queria você.
não pra transarmos loucamente,
exaustivamente, enlouquecidos de prazer.

queria um cantinho dos seus braços,
que me acalmam apesar de tudo.

queria seu sorriso, que chega a me iluminar.
queria seu colo - provavelmente cairiam lágrimas,
numa mistura de felicidade e dor.

queria ver uns filmes deitada em seu peito,
roubando seu calor, aquecendo meu gélido coração.

queria sua mão na minha, segurando firme,
me passando segurança.

queria sentir seu olhar em mim,
preocupado,
certificando de que está tudo bem.

queria ficar assim, juntinho,
sem pensar no hoje, no ontem, no amanhã.

terça-feira, 20 de setembro de 2011


vai fazer um ano e parece que foi ontem. tanta coisa mudou e tanta dor ainda não passou. detalhes rotineiros lembram você. me arrepiam toda, entristecem. dói fundo, como nenhuma outra dor. me enche de lágrimas, descontrole. respiro fundo, mas não passa. porque eu sei que você tá bem, mas sou egoísta demais, e você não está aqui. não aparece do nada só para brincar, ou pedir um cafuné. não vem ficar perto de mim quando sente que estou chateada, deprimida. você se foi antes do que eu esperava e como sinto sua falta. e penso em você todos os dias, todos. e por mais que queira- talvez não mais- sei que nada poderá te substituir. porque crescestes comigo, fostes meu maior companheiro, mesmo com os gritos e brigas. aprendi a ser mais humana com você e a cuidar. e entender como é bom ser cuidado. tantos momentos que eu jamais esquecerei. como eu te amo e sempre irei amar.

biografismo

gosta tanto de surpresas.

se emociona fácil, assim como muda de humor.
preguiçosa, deveras.
tímida apesar de extrovertida.
sonhadora mas racional.
até quando é emotiva.

cheia de paradoxos,
e teimosa, muito.

altos e baixos,
pulos, saltos, sapatilhas.
tenis colorido e jeans, shorts.

romântica e ciumenta.
artista - e todo o peso que isso traz.
autocrítica, implicante.
apaixonada, apaixonante.
deixa ela falar, porque fala tanto.
mas escreve ainda mais.
escrevo, apago, reescrevo.
tantos coisas que eu quero dizer,
mas tanto medo do que vai achar.

relacionar-se é uma confusão.

e é um dizer querendo não falar,
um olhar buscando significar,
é tão intenso e tenso.

só queria ficar assim,
junto, pertinho, curtindo.
sem fazer nada sabe,
num cantinho.

não deixa complicar, por favor.
eu tento ser tão simples,
mas das entrelinhas diretas
acho que deu nó.

me liga e diz que vem,
ou que quer que eu vá.
só isso e mais nada.
porque já é tudo.
bem,
talvez o problema tenha sido demais.
querer demais, gostar demais, amar demais.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

morde o lábio,
suspira.

pensa de novo,
arrepia.

morde o dedo,
desvia a ideia.

não resiste,
reinicia.
faz o que com toda essa vontade?

se excita,
imagina.

todos os lugares aonde as mãos tocam,
perde o folêgo.

tudo escuro,
tentador.

mexe no cabelo,
disfarça.

respira fundo.

deseja muito,
muito.

o olha,
e é pega no flagra.

enrubesce.
encara,
sorri.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

primeira vez

O desejo que arde
Que dói de vontade

A mão que queima a nuca
E os lábios roçando ao pé do ouvido
Arrepiam o corpo,
Que suplica contato.

A energia emana da pele
E a gota de suor escorre entre os seios,
Está louca de desejo,
Mas disfarça.

Entre uma respiração e outra,
Se beijam intensamente como se fosse a ultima vez.

Não aguenta mais e se entrega.
Coloca a mão no sexo e o puxa pra si.
Vamos sair daqui,
Sugere maliciosamente sorrindo.

Quase voam pra o quarto e,
loucamente,
contemplam o amor.
Exaustos, satisfeitos e abraçados
Dormem entre doces suspiros.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

bom assim

onde será que isso vai parar?
mas queres que pare?

laços sendo feitos, vínculos.
e o sorriso discreto quando o telefone toca.

o olhar que cora,
aquece.

o ciume discreto - de ambos,
mas presente.

a constatação do real.

bom assim,
quando é do nada.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

sem fórmula

escreve pra mim, dissestes.
mas como poderia?

como colocar em palavras sorrisos?
suspiros, olhares intrigantes,
boto também os envergonhados e desejantes?

como por em versos frio na barriga?
receios, tentações.
medos, inseguranças.
e as dúvidas.

tanta mistura...

do inesperado se cria,
e segue,
um dia de cada vez.

aumenta, mais e mais.
e aos poucos,
vai nascendo a certeza:
espera-se que não tenha fim.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

de um ato inocente

acho que já não acredito muito no amor,
tem tempo que tenho tentado evitá-lo.

do ato que vejo sincero,
mas que outros julgam esperto.

da menina que diz:
eu me caso!
e do cara que diz:
é mero caso!

por onde será que anda o amor?
será que mudou de forma?
mas alguma vez já tivera uma?

restam as juras, as súplicas,
os versos.

e a esperança de tropeçar e notar-se apaixonado.

domingo, 4 de setembro de 2011

parou,
olhou e analisou.
percebera que nada daquilo prestava.
era sinal de envolvimento,
logo de dor e confusão.

gelada, como sempre se fizera ser,
trancou-se.
bastava outros sofrimentos,
não queria novos.

no fundo,
sabia que poderia ser tarde.
mas fez-se de forte.
o que mais poderia ser, então?

ensaiou um sorriso,
foi-se deitar.
pelo menos dormindo,
ela se permitia sonhar.



domingo, 28 de agosto de 2011

talvez esteja cansada dessas falsas declarações
desses desejos inesperados

talvez queira segurança
e não a calhorda que tem aparecido.

talvez esteja farta dessa putaria insana
da selvageria e o raiar do dia,
que surge, do nada
amolecendo coração.

lágrima escorre,
lembra quem é.
deseja o carinho,
pare de puxar meu cabelo!

olha pra ele,
sorri.
dá-lhe um tapa na cara
e começa de novo o sexo.

o amor é lindo,
pensa.
nos filmes.
se apegue aos detalhes,
na cor do cadarço.

os olhos profundos,
que refletem
aquela onda,
que levou tudo numa intensidade

abstrata

sorriso,
perde o fôlego.
mergulhe
[não de cabeça]

delicie-se,
sem cuidado
cuidadosamente,
não se apaixone.



sexta-feira, 26 de agosto de 2011


queria que voce entendesse que pode contar comigo,
que não é porque acabou que chegou ao fim.
é tão maior e mais intenso,
chega a ser fraterno.

vejo em seu rosto a aflição,
o desejo de falar tudo,
de colocar pra fora todo esse peso que carregas.
mas vejo também como brigas,
internamente,
numa disputa entre se faz ou não.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

longe de casa


tempo presente,
mistura crescente,
de gente esquisita
totalmente diferente.

distância tão fisica,
mas também sentimental.
que chega e grita:
- volte logo pro meu quintal.

em versos rimados,
se mostra a saudade,
enorme no peito,
devido a necessidade.

trabalha menina,
ainda tem tanto chão.
começa, termina,
não para, não para não.

o ritmo frenetico,
cansativo que só.
come,
dorme,
já tá tudo um nó.

mas calma, já foi.
é a metade que resta.
o pior já passou,
o resto é festa.

contagem regressiva,
o apê já avista.
são só mais uns dias
e volta logo pra pista.

o avião decola,
os minutos se passam,
apertem seus cintos,
dentro de minutos iniciaremos nossa aterrizagem.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

dia do amigo? ou mais um dia qualquer?



Vivemos num mundo cercado de datas. Dia das mães, dia dos pais, natal, pessach, ano novo, dia das crianças, dia dos namorados. São muitos dias de alguma coisa. E como não poderia faltar, tem o dia do amigo. Mas diferente  dos outros dias já citados, nesse não se ganha presente. Fico me perguntando por quê? Alguns podem afirmar a enorme quantidade de presentes que teriamos que dar, afinal, não temos só um amigo. Será? Não é de hoje que as pessoas confundem o que a palavra amigo representa. Não o simples significado do dicionário -  Que é ligado a outrem por laços de amizade; em que há amizade; amical, amistoso; simpático, acolhedor; que ampara ou defende; protetor; companheiro, colega -  que, na verdade, não é tão simples. Será então que colega e amigo são sinônimos? 

Não é de hoje também que rola um preconceito com a palavra colega. "Colega não po, que coisa mais de nem!". Mas se não é colega é o que? No trabalho, temos amigos ou colegas? Na escola, faculdade, cursinho? Na padaria, no jornaleiro. O garçom que sempre te atende no buteco e libera aquela saidera de graça é o que? Claro que podemos ter amigos em todos os lugares, mas acho que a palavra acabou banalizada. Quem é que nunca ouviu seu pai, ou mãe, vô, vó, tio, alguém importante da família dizendo "meu filho, amigo a gente conta na ponta dos dedos". E aí você vira e fala: "mas vó, eu tenho 700 amigos no facebook". Talvez tenha vindo das redes sociais essa banalização. A internet e sua capacidade de aproximar pessoas tão distantes.. Quantos feliz aniversário você recebeu esse ano? Quantos foram pelo orkut, facebook, email? Quantos foram por sms? Quantos te ligaram ou fizeram questão de te encontrar? 

Talvez isso não faça a menor diferença. Talvez o importante é ter sido lembrado. Mas será que vale quando você recebe o aviso por um computador? Que escreve lá bem grande "olha, é aniversário do fulano, não esqueça de dar os parabéns". Do meu ponto de vista, os parabéns mais queridos são os inesperados. E também aqueles criativos. Afinal, desejar tudo de bom, escrevendo assim no computador pode não ter valor nenhum pra você, não passar de uma mera educação. Por isso, atualmente eu só dou parabéns pra quem eu realmente penso no dia sabe, desejo de verdade. Claro que muitas vezes é a rede social que me avisa, não somos uma agenda ambulante que precisa saber tudo decorado. Mas para que dar parabéns se você não está realmente se importando? E digo mais, em meio a 700 parabéns (lembra, vc tem 700 amigos!) duvido que leia calmamente um a um. É um filtro natural sabe? Primeiro você olha quem escreveu, daí resolve se vai ler o recado.

Enfim, em mais um dia do amigo, me questiono quantos amigos eu tenho? Rola um flashback gigantesco, pensando em um a um. Lembrando momentos, risadas, lágrimas, bebidas, comidas. Músicas, filmes, fotos. Ligações surpreendentes e visitas. De uma certa maneira, tudo está relacionado a nossos amigos. E então, eu concluo que vovó estava errada. Eu realmente tenho mais de dez amigos. Todos são diferentes e especiais a sua maneira. Completos e incompletos. Específicos e gerais. Certamente não tenho 700 amigos. Tenho contatos, bem mais que 700. Tenho queridos, tenho colegas, tenho companheiros, tenho irmãos. Como num quebra cabeças gigantesco, se encaixam até formar um todo. Que me emociona, faz sorrir e chorar. Perder o fôlego.

Mas, talvez não devesse existir dia de nada. Nem de mãe, nem de pai, nem de amigo. Por que imagina aqueles que não têm? Mas a vida é isso né? Lidar com perdas e ganhos. Quantos amigos já não se foram? E não falo só de morte. Se no dia do amigo não se dá presente, pelo menos faça-se presente. Marque um chope, uma pizza, um cinema. Troque ideias ou um telefonema. Todo dia é dia do amigo, assim como todo dia é dia de mãe, de pai, de namorado. Mas já que estabeleceram uma data no calendário, por que não comemorar? 
Feliz dia do amigo. 
=]

segunda-feira, 11 de julho de 2011

armadura

será que por trás daquela revolta,
e de toda aquela pose,
não existe alguém tímido e solitário?

será que não é somente uma armadura,
bem forte, que empurra e faz aguentar o dia a dia?
ou talvez seja o excesso de cicatriz,
que fez uma camada bem grossa,
difícil de furar.

tão instável, inconstante.
na complexidade do simples,
junta experiências e constrói um castelo.
guarda artimanhas e tropeços,
prefere não esquece-los,
para que não caia novamente.

só que camaleões existem,
e não dá pra vencer sempre.
quase sempre.

respira fundo, engole seco,
suspira.
ai, ai...
não diz o que pensou,
sorri,
ou lamenta,
e segue.
como sempre deve ser.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

viver


por que torna-se tão difícil ir?
presa por paradigmas,
em conceitos tantas vezes ultrapassados.

levada por impulso, então seria?
mas há vontade em fim, no fundo.
e como lidar com esse conflito interno,
que me balança e às vezes enlouquece?

a razão e a emoção furiosamente discutem,
e fazem pensamentos berrarem dentro de mim.
a cabeça insana não entende e o signo não ajuda.

tinha que ser tão complicado tomar uma decisão?
e embora ache que já sabe o que quer,
na hora de ir não vai.

vá criatura,
enfrente a vida e se deixe viver,
um dia de cada vez,
em paz.

terça-feira, 21 de junho de 2011

cisma em arder

apesar de dizer que já passou,
la no fundo algo ainda permanece.
talvez seja a incapacidade de acreditar que acabou,
apesar de mal ter começado.

podem ser os pensamentos sombrios,
na verdade bons, que voltam vira e mexe,
e acabam por fazer crescer uma vontade de que tudo aconteça novamente.

mas sabe que não vai acontecer,
que não há esperança,
muito menos expectativa.

essa já ficou pra trás faz tempo,
inimiga e aliada.
como sonhar sem ela?
como viver quando não é?

ah vida, gira gira sem parar.
inicia o ciclo,
fecha esse de vez.
ta cicatrizado, mas cisma em arder.

domingo, 5 de junho de 2011

saudade de você

o pior é quando a gente acorda com saudade, lembrando de todos os bons momentos.
e as cenas divertidas e incríveis que vocês passaram juntos,
e os sorrisos inesperados, o carinho do nada,
a mensagem boba, o segredo só de vocês.

e daí as pessoas falam, tente pensar num momento ruim,
assim você não vai sofrer tanto.
mas e se não tiveram momentos ruins?
e se tinha tudo pra ser perfeito?

por que é tão difícil estar no tempo certo,
mas não ser o do outro?
por que as pessoas não se gostam ao mesmo tempo
e tudo mais fácil?

quanta saudade.
que desejo de ligar e dizer pra começar tudo de novo,
e citar os milhares de motivos que fazem sentido.

quanta saudade,
e dor em ter que aceitar que não dá pra ser (sempre) como a gente gostaria que fosse.
e os dias passam,
e eu sei que isso vai passar. (às vezes eu acho até que já passou).
mas dias como esse,
respira fundo,
aceita a realidade e segue em frente.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

decepção

e a dúvida se esse enjoo é de nojo ou de frustração.
decepção que enraiva e faz vomitar palavras.
lágrimas ácidas escorrem, brotam sem parar,
e uma intensa vontade de gritar: quanta burrice!

faça direito, já que queres fazer, completo.
pra que emaranhar-se em sua própria história?
era mais fácil ter ficado quieto e fingir não se importar.
talvez não.

complexo labirinto de escolhas e situações.
mas no fundo saber que tudo vai ficar bem.
que eu vou esquecer, como sempre.
tola, que sou, e não mudo.
por que?

terça-feira, 24 de maio de 2011

remontando o quebra-cabeças


De cachecol xadrez ela andou por aquela rua interminável. Não conseguia ver o horizonte, só olhava pra baixo para não tropeçar. Nunca fora desastrada, desengonçada, mas ultimamente estava mantendo sua cabeça no mundo da lua e toda atenção era pouca para não tropeçar. Acabara de levar um tombo, não precisava de mais um. Apesar de inteira, por dentro seu quebra-cabeças estava todo desmontado. Cabeça no lugar do coração, coração sem saber pra onde ir, pensamentos e sentimentos totalmente embaralhados. E o que ela podia fazer?

Foi num dia como outro qualquer, que o telefone tocou. Ligação inesperada, ela achou que fosse bom. Tola mania de achar que surpresas sempre são positivas. Era ele, seu atual pica-pau. Vivia martelando em sua cabeça, mas ela não se incomodava com isso. Ele disse que precisava vê-la, que era urgente. Ela não se preocupou, afinal, o que poderia acontecer de ruim? Tudo andava tão bem. E marcaram de se ver. Dezenove horas, no bar da esquina. Cerveja barata, perto de casa, se animasse não perderiam muito tempo até chegar no quarto.

Ela chegou primeiro, claro. Era daquele tipo pontual que não se atrasa por nada. Chega antes mas não chega atrasada. Escolheu uma mesa, do lado de fora para curtir a brisa, mas um pouco mais recolhida, não precisava do olhar de todos. E então imaginou a chegada dele. Quem sabe com um buquê de flores bem coloridas, ou talvez somente uma margarida. Visualizou também uma caixinha de chocolates ou somente um bombom? Ficou ali viajando tanto que não viu quando ele realmente chegou e sentou a sua frente.

Com um semblante estranho, um olhar triste. Parecia confuso e apesar de distante, passava a sensação de querer estar perto. Ela sacou na hora que tinha algo errado. Aquele não era o rapaz por quem ela havia se enfeitiçado. Era solitário, temeroso. E ela havia visto alegria, diversão, companheirismo. Sem compreender o que via, presos no silencio do olhar, permaneceram assim por quase 10 minutos. Sem desviar, tentando se decifrar. Aflita, ela foi perguntar, mas então ao mesmo tempo ele desembestou a falar.

"Não sei o que fazer. Minha cabeça não para de pensar e eu não sei que caminho seguir. Sei que são direções opostas e eu preciso tomar uma decisão. Estou totalmente perdido". Foi aí que ela entendeu tudo. Entendeu porque não reconhecera aquele homem que sentara a sua frente. Dúvidas. Dúvidas são traiçoeiras, nos levam para lugares que não queremos ir, nos perturbam e transformam. Apesar de serem necessárias, se não formos valentes, elas nos devoram. Consomem quem somos e tudo muda.

Ela já previa o fim. E como se tudo tivesse se iluminado e feito sentido, ela sorriu. Já sofrera demais para se precipitar. Aprendeu a ter paciência e principalmente a respeitar. Ele falou mais um pouco, pediu uns dias. Ela respirou fundo, e dessa vez abriu sorriso sincero. Já sabia como aquilo iria terminar, era uma questão de tempo. Tempo. Quanto tempo ela estava disposta a esperar?

E ao relembrar daquele dia, as peças do quebra cabeça calmamente foram voltando ao lugar. Não exatamente iguais, porque quando a gente cai, a maneira que nos erguemos nunca é a mesma. Mas tudo estava encaixado de novo e agora restava aprender a lidar com esse novo formato.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tempo

Andei lendo textos sobre tempo. O tempo em si é tão relativo. Já escrevi sobre isso uma vez, como ele parece voar quando queremos que ele passe devagar e como é lento quando queremos que seja rápido. Mas tempo é muito mais do que horas num relógio. As coisas tem seu tempo. Tempo de cozimento, tempo de cura, tempo de crescimento. São tantos tipos de tempo e são tão particulares.

Algumas pessoas dizem que nada acontece por acaso, que as coisas vão acontecer em seu devido tempo. Talvez elas estejam certas, mas talvez isso seja uma maneira de confortar-se, consolar-se. Uma forma de tentar sempre seguir em frente, de ser otimista e acreditar que sua hora, seu tempo, vai chegar. Mas será que ele realmente chega?

Eu definitivamente tenho um lado muito racional, que me faz questionar se tudo tem uma explicação. Por que se nada acontece por acaso, qual seria o motivo? Mas será que a gente precisa saber qual é? Talvez minha curiosidade gigantesca que questione e não meu lado racional. E se tudo chega, acontece em seu devido tempo, por que esse tempo não é agora? E por que não podemos escolher quando vai acontecer?

Isso me leva a outro caminho, as escolhas. Talvez não possamos determinar o tempo das coisas, sua duração, mas podemos tentar fazer com que elas aconteçam, que o tempo seja agora. Claro, que escolha gera consequência, e nem sempre é a que você planejava que aconteceria. É tudo tão difícil sabe? Mas principalmente porque a gente vive com outras pessoas, então a nossa escolha determina um caminho mas pode encontrar uma curva devido a escolha do outro, que está diretamente relacionada à sua escolha.

Mas acho que a vida é isso, não? Andar em estradas com curvas, algumas vezes conseguindo ver claramente a paisagem, outras se surpreendendo com a árvore que estava ocultada pela montanha até virar na estrada. E nossas escolhas vão mudando com o tempo, assim como o tempo vai mudando a gente. Nos mostra o  fizemos de certo, ou de errado, alguns arrependimentos. E no fim das contas tudo é um grande aprendizado. Passos numa escada de amadurecimento, que nunca tem fim. Uns sobem correndo, outros demoram mais. Outros às vezes retornam a um degrau que já haviam passado, mas sempre vão subindo, cada um em seu tempo.

E isso me traz de volta ao início, quanto tempo dura o tempo?

sábado, 21 de maio de 2011

equilibrar a balança

Estranho como as coisas mudam, como em tão pouco tempo as pessoas trocam de ideia. Uma semana atrás tudo estava em seu devido lugar, após uma conversa foram colocados pingos nos is e tudo parecia tão bem. A noite, na verdade manhã, foi ótima e a sensação era que assim permaneceria por um bom tempo. Pela primeira vez não me preocupei com o futuro. Aceitei as coisas do jeito que estavam e resolvi deixar rolar. Era claro o envolvimento de ambas as partes. Seguia num ritmo tão sadio e gostoso que nunca passaria pela minha cabeça que no fundo no fundo não era tudo assim tão lindo..

E então, o fim. Justificativas e frases tradicionais. Não quero te machucar, decepcionar. Sou eu não é você. Como prever um término? Como saber que o outro está insatisfeito se ele acabou de dizer que estava tudo bem? E óbvio - mulheres inseguras como são, e eu não sou diferente -  me questiono se a culpa foi minha. Onde errei? O que poderia ter feito diferente? Mania da gente de achar que tudo tem uma explicação. Tão difícil aceitar a justificativa do outro quando pra você simplesmente não faz sentido. Mas no fundo você sabe que tem que respeitar, até porque quando um não quer dois não brigam. 

E aquela sensação de desperdício, de tempo perdido. Não do que aconteceu, porque foi bom, mas do que poderia ser. Mas aí, aí eu percebo a maturidade. Enquanto enxergo com facilidade as dificuldades do outro, e só por isso consigo respeitar sua decisão, enxergo que eu fiz a coisa certa sim. Com as experiências da vida, a gente vai aprendendo que é preciso equilíbrio. Eu sempre fui uma pessoa totalmente racional. Tenho um amigo que costumava dizer que até quando eu era emotiva eu era racional. Sempre pensando em como tinha que ser e o que queria dizer. Sentindo, mas dando mais valor ao que pensava. E nisso, transformei-me numa pessoa ansiosa, impaciente. Que muitas vezes atropelava passos querendo chegar logo no fim. Talvez eu ainda seja assim em alguns momentos da vida, quando leio um livro e não me apego tanto aos detalhes esperando que ele chegue ao fim, só para saber o que acontece. 

Mas quanto a relacionamentos, consegui amadurecer. Enxergar que a vida é feita de equilíbrios, que temos uma balança interna. Que não adianta você dizer que gosta de mim se não está disposto a ficar do meu lado. Que assim você só vai conseguir me ferir mais, mostrar que não está preparado. Mas não podemos exigir que todos estejam prontos. Talvez eu também não esteja, quem sou eu pra julgar qualquer um? Tenho meus milhões de defeitos junto com minhas qualidades. Tenho minha mala de experiências que carrego por onde vou. E por mais cheia que ela esteja, aprendi a sentir seu peso leve. E quando necessário, a abri-la, mostrar seu interior. 

Mas voltando a balança, aprendi que racional e emoção devem andar lado a lado. Que o segredo talvez seja aceitar o que está sentindo e não ficar pensando como irá se sentir. Que por mais clichê seja, o importante é viver um dia de cada vez. Que não adianta você querer dar rótulos, nomes, se você está feliz do jeito que as coisas estão. Que não adianta surtar se você perceber que está gostando de alguém, que está envolvido. Que a vida é isso, é medo, desafio, gostar, errar, sofrer, superar, começar de novo. Inevitavelmente errar de novo, gostar de novo, sofrer de novo. O mundo não é redondo a toa! A vida definitivamente é cíclica! O que foi pode ficar pra sempre, dentro de você. Pode um dia voltar. Tudo pode recomeçar. Tudo sempre pode recomeçar.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

gosto de surpresas.

de presentes na portaria,
ou um pacote que achava extraviado,

gosto de flores.
muitas e bem coloridas.
mas também gosto de uma só.

gosto de declarações de amor,
mas não precisam ser exuberantes.

gosto de decifrar sorrisos,
de saber dizer exatamente quando serão usados.

gosto de coisas simples,
cartas, recadinhos.
do 'quero ficar com vc' aleatório,
por sms no meio da reunião.

gosto de iniciativa,
de ser arrastada pro quarto desejando um quero mais.
de arrancar a roupa e depois lembrar da janela  aberta.

gosto de ter certeza,
embora o incerto às vezes seja bom.

gosto muito de decisão.
embora inúmeras vezes seja tão indecisa.

gostaria que fosse frequente,
mas dai acho que perderia a graça.
e além disso fico pensando se mereço...

vem um arrepio e a incerteza na resposta.
Apesar da falta de resposta,
Aqui dentro do peito
Eu já sei.

E por mais que ainda não tenhas me dito sua decisão,
é como se ela já tivesse sido tomada.

Mas apesar de tudo,
Não é dor que eu sinto.
Talvez seja uma mistura de decepção,
Com chateação.

Talvez seja pena,
Pena.

Porque eu vejo o desperdício,
Enxergo a oportunidade
E o temor.

Tento entender os motivos,
As justificativas,
Mas todos me parecem tão bobos,
Visto o que poderia ser.

Mas no fim,o que realmente importa,
Cada um sabe de cada um,
Apesar de uns adorarem saber dos outros.

Queria saber de ti,
Mas não quisestes.

terça-feira, 17 de maio de 2011

espera criativa



do lado de fora da janela, o vento sopra.
e aqui dentro está tão frio.
meus ossos tremem, enquanto aguardo.

da pequena fresta,
uma brisa entra,
congelante.
arrepia a espinha.

se ao menos soubesse a resposta,
se ao menos não ligasse pro resultado,
mas quando há sentimento tudo é mais difícil.

e eu sei que a decisão é sua,
porque a minha eu já tomei.
tão complicado quando não depende só de você,
tão maravilhoso quando existe cumplicidade.

relacionamentos vão e vem.
honestidade, conversa,
começastes tão bem!

mas esse medo que te afoga,
essa dúvida que te devora,
vive menino!

sem pensar no futuro,
mergulha bem fundo.
deixa esse sentimento inundar o peito,
te preencher por inteiro.

com você

surpresas são deliciosas e traiçoeiras.
uma ligação inesperada pode ser fantástica.
uma conversa começando do nada pode ser tensa.


aquilo que parecia fluir,
num fluxo leve e constante,
de repente num turbilhão inesperado 
(não tão inesperado assim),
que te deixa sem saber o que fazer.


o corpo todo treme, de forma discreta,
não quer demonstrar fraqueza.
engasga voz e o pensamento a mil tentando achar respostas.
como um político cria justificativas.


mas por mais que fale,
não cabe a ti.
logo pra você que é tão óbvio,
cristalino.
não.


o outro é que dirá sim ou não.
como numa era antiga,
onde os gladiadores sabiam de seu julgamento através do polegar do imperador.
tomada a decisão,
não há mais o que discutir,
somente o destino fadado.


e na verdade, no fundo no fundo,
as coisas são tão simples quanto desejamos que elas sejam.


e por mais que eu queria acreditar no contrário,
eu sinto que você já tem um decisão tomada,
mas não tem coragem de dizer qual é.


porque no nosso íntimo,
junto com nossos instintos,
a gente sabe o que deve fazer.
mas a força para fazer nem sempre é maior que a do medo de fracassar.

domingo, 15 de maio de 2011



às vezes vem assim, sem muito sentido. 
às vezes é tão real e momentâneo.
às vezes confunde, surpreende.
no fundo sou eu, você, ele, ela, nós.
uma mistura do que vi, vejo e verei.
fui, sou, somos.
um pouco do que talvez gostaria de ser.
se você soubesse que isso dói, que não faz sentido.
sentindo sem direção.
caminha para um lado,
e apesar de separados, 
juntos.
uma distância inócua.

Carrasco

essas suas atitudes sórdidas,
que me enojam e enjoam,
sem sentido e transtornantes.

vomito os sentimentos,

colocando pra fora o que me fizestes engolir.
toda aquela mentira e falsidade,
na ilusão de me fazer sorrir.

fora bom até um dia,

acreditei numa incoerência.
quisera ser verdade,
quimera!

mas não era,

e não foi.
e só eu falo e tu calas.
covarde, carrasco.
verdugo, algoz.

voa longe,

vá embora,
bate as asas,
sobre o mar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

things simply don't last forever
and although we pray them to last a little bit more,
somethings are beyond our control.
it's hard, but who said it would be easy?
face it, and keep on moving.

sábado, 7 de maio de 2011

em meio à tantas certezas,
num pequeno descuido,
vem a insegurança inundando tudo.
cria dúvidas, anseios, medos.
faz nascer lágrimas, tristeza, ciúme.
força pra fazer ela voltar de onde veio,
e estabilizar o que vinha sendo tão bom.
o pior de estar sempre certo,
é quando você deseja estar errado,
apesar de saber que está certo.

=/

terça-feira, 3 de maio de 2011

descobri que até os dias mais cinzentos podem ser coloridos.
que fazer nada pode ser realmente delicioso.
que esse otimismo nunca passe.


terça-feira, 26 de abril de 2011

novo

talvez eu devesse ter sido mais cuidadosa,
mas agora já é tarde.

é nítido e cristalino,
tão simples pra que não haja dúvidas,
tão complexo pra criar mistério.

é delicioso e aflito.
racional, muito racional
sempre foi assim.

mas repleto de sentimento,
todos os bons.

claro, ainda tem seus medos e receios,
mas de verdade,
com a sinceridade da alma,
se entregou,
para o que tiver que ser.
e será,
e já é.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

e se eu te dissesse

e se eu te dissesse que cada segundo pesa,
que cada minuto parece mais longo
que as horas parecem ter abandonado o relógio?

e se eu te dissesse que a culpa é sua,
porque me seduz e me prende
junto a ti, me deixando sem vontade de ir.

e se eu te dissesse que só uma coisa importa,
que não há vida lá fora,
e que o aqui e o agora
só é quando estamos juntos.

e se eu te dissesse que tudo isso apavora,
na rapidez em que aflora,
mas que há muito eu não era tão feliz.

e se eu te dissesse,
te assustaria ou seria recíproco?

terça-feira, 12 de abril de 2011

sob conquista

talvez devesse ser mais cuidadosa,
não deixar essa inundação chegar.
mas como impedir o movimento,
se tem gerado tanto contentamento.

imprevista, deliciosa conquista,
que inebria tão intensamente,
confunde sentidos e pensamentos
faz até coração trepidar.

alimenta esse sentimento novo,
com carinho e bem devagar.
curte o gozo e o desafio
de deixar o tempo nos enfeitiçar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

um dia qualquer



O sol daquele dia iluminava as janelas dos prédios lindamente. Mas os raios de outono não aqueciam o suficiente para acalmar a alma. Nas sombras, o arrepio corria até a nuca, trazendo lembranças através do inconsciente. Pelo vidro, ela via o movimento insano que acontecia lá embaixo. Buzinas, falatórios, fumaça. A cidade enérgica no fervor da tarde. Apesar de suas obrigações, o que ela mais queria era estar em outro lugar. Mais calmo, tranqüilo. Acompanhada. Não sozinha no meio da multidão. A solidão de dois, que se entendem e se completam. Embora soubesse que cedo ou tarde iria acontecer, aquelas horas que restavam se arrastavam feito caracóis. Não os do seu cabelo castanho, assim como seus olhos. Os bichos que levam sua casa consigo. Ela levava seu mundo consigo. Com um papel e uma caneta ia longe, vivia suas fantasias e se transformava naquilo que gostaria de ser. Não que fosse infeliz, não a leve a mal, mas no fundo sempre existem desejos ocultos que não são revelados para ninguém. No meio das palavras ela se perdia sem contar o tempo. De olhos fechados via tudo muito real. Mas apesar dessa convicção, intimamente ela entendia que não passava de uma ilusão. Por mais profundo que fosse seu mergulho, ela sempre conseguia retornar a superfície com um pouquinho de fôlego sobrando. Aos poucos, ela foi percebendo que precisava de ambas realidades. Em seu mundo criado, ela se perderia em meio a tantas opções e viagens. Já no mundo real, repleto de rotina e obrigações, ela ajudava a criar quem realmente era. Uma pessoa não se forma somente de estudos e criações. São suas vivencias que transformam todo seu ser. E assim sendo, ela tentava diariamente vagar entre os mundos, entre os mares, entre os sonhos, entre a realidade. Uma viagem fascinante e particular.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

em uma contradição insensata
mergulhei de cabeça querendo tocar o fundo.
na distração, cansada daquela desgastante emoção
experimentei o novo e me surpreendi.

não mais corro em busca do velho,
vivo agora sem temer o mistério.
navegando por águas, que achava conhecer,
surfando em ondas que descobri renascer.

mas então, no meio dessa bagunça
indaga-me o coração com certa angustia,
como fica? como é que vai ser?
não tem um caminho, nem mesmo destino?

que mania chata de achar que tudo tem resposta,
que pra ida sempre há volta,
que o que importa é saber.
o incerto é tão certo, quanto qualquer certeza
que deveras lança dúvida e confunde o ser.

segunda-feira, 28 de março de 2011


O barulho repetitivo do ventilador me fazia pensar. Era meio cíclico, mas inconstante. Até tornar-se igual.
O barulho repetitivo do ventilador muitas vezes me irritava. Me tirava do sério e quase me fazia gritar!
O barulho repetitivo do ventilador me fazia viajar. Entrava num transe e me levava para outro lugar.
O barulho repetitivo do ventilador me dava sono. Me embalava como uma cantiga e me fazia dormir.
O barulho repetitivo do ventilador me inspirava. E eu nunca soube bem dizer porquê.
E então o ventilador quebrou.
E não mais o barulho repetitivo do ventilador enchia aquele quarto de som.
Só que o pensar, o irritar, o vagar, o ninar e o inspirar não sumiram.
Foi aí então que eu entendi que o ventilador fora o tempo inteiro um pretexto. No fundo, não era ele que proporcionava. Era eu e minha mania de achar uma fuga. Um jeito de se prender em alguma coisa e por alguns instantes esquecer de mim.
são, demoli a deus.
demolição adeus.

Numa estranha sensação que renova
exorcizei fantasmas,
mandei-os embora.

Do sofrimento a libertação,
quantas lágrimas caíram em vão.
Mas de nada me arrependo,
com a dor se vai vivendo.

Então por favor, sem demora,
Finge que não existo e vá-se agora.
Não por dois dias, um pouco mais.
Quero sossego e quem sabe até paz.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Promessa Cumprida

pedidos incasáveis repetitivos
sobre uma época passada e remota
onde gregos e troianos brigavam
todos sempre em busca de glória

o famoso cavalo de tróia

e helena musa inspiradora
talvez hoje mais conhecida,
no horário nobre de certa emissora.

escrever em busca de mudanças

questionar se você é quem diz
agradar sobre certa implicância
quitar uma dívida, uma promessa que fiz.

nessa rima que não tem tanta graça,

que do luxo ao lixo se encaixa,
fica essa musicalidade sonora,
indo e vindo que até apavora.

gosto mais da falta de rotina,

de escrever sem perceber a linha,
começar sem ter que parar,
terminar quando eu desejar.

Vício

o vício te prende,
te tranca no fusco
inunda tua vida.

não olhas pro lado,

nem ves a prisão.
desdenha o socorro...

pede perdão.


é tarde demais,

ficas sem saída,
uma ida sem volta,
você ri ou você chora?

vício maldito,

sufoca e transborda.
ilude e gasta,
finge que foi embora.

só você pode afastar seus fantasmas.


terça-feira, 22 de março de 2011

Conhece-me?

enquanto as palavras não fizerem sentido,
pouco saberás de mim.

escondo-me nas entrelinhas,
nos cantos dos q's,
nos pingos dos i's.

crio sonhos, descrevo fantasias.
entre o real e o imaginário,
vivo a vida que sempre quis.

no dia em que decifrares o que eu escrevo
terás me conhecido por inteiro.

ciclos

se eu dissesse que fora ilusão,
estaria mentindo,
insanamente.

porque eu senti.
o prazer do momento,
o gozo da alegria,
e a dor.
de dizer tchau,
aceitar que acabou
(pelo menos pra você).

e agora,
nesse amplo vazio,
transbordo sozinha,
no canto,
a lembrar de tudo.

do primeiro dia,
dos meses,
dos anos,
do último dia.

mas me pergunto,
terá sido mesmo o último?
porque dentro de mim a vontade impera,
o sentimento implorando para que aconteça de novo.

mas a razão,
busca te compreender.
suas atitudes e palavras.
o sentido das ligações,
as entrelinhas.

talvez eu precise entender
que não há nada pra entender.
que a vida é assim,
amor,
dor,
amor,
dor.

que tudo são ciclos,
com começo meio e fim.
uns duram mais, outros menos,
mas eles sempre terminam.
sempre.

quarta-feira, 16 de março de 2011

sem saída

essa raiva que muitas vezes consome,
embora não tenha nome,
confunde meu ser.

cria expectativas,
transforma minha vida,
não deixa crescer.

invade a alma,
destrói a calma,
anseia por viver.

segue teu rumo,
perdi já o prumo,
permita-me ver.

outra saída,
só uma fugida,
inútil.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tenha paciência

Como superar a perda? Como superar a dor que inunda o peito como um tsunami?
Como se conformar que o que foi não volta mais e que é necessário seguir em frente?
A maioria das pessoas diz que o tempo é o melhor remédio, que aos poucos ele vai nos dando força para continuar...
Mas como lidar com as lembranças? Como não se debulhar em lágrimas em meio a recordações ou mesmo coincidências que nos transportam imediatamente para o que já passou.
A morte talvez seja uma das situações mais difíceis de se encarar. Não a sua própria, porque sabe lá como é que as coisas realmente acontecem. A despedida de pessoas queridas, para uma viagem sem volta, a certeza de que para esse alguém tão amado não há amanhã. Não há um amanhã conjunto. Há o seu e o daqueles que ficaram.
Porém a despedida da morte não é a única. O termino de relacionamentos tbm entra nessa categoria. O quão difícil torna-se encontrar o outro quando ainda possuímos um sentimento que não mais é reciproco. E que dor intensa ao ver esse mesmo alguém com outro. Mais uma vez pede-se tempo, paciência. Tudo sempre se ajeita... Mas em quanto tempo? Criada em busca de metas e objetivos, que dor vagar por aí por tempo indeterminado... Preferiria mil vezes saber que ainda iria sofrer por 10, 20, 30 anos, que seja! Mas de alguma maneira me calmaria a alma ao ter a certeza que no dia x tudo iria terminar. Que insanidade sofrer sem cronometro e simplesmente ver o tempo passar sem nenhuma mudança transcorrer. Talvez a dor tenha mesmo diminuído, talvez esteja quase no fim... Não vejo a hora de ter certeza que novos ventos vem vindo e que a caravela pretende navegar pra bem longe.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sabotagem

por que essa dor cotidiana,
que ilude e engana,
finge ter ido embora,
mas atormenta e apavora?

por que essas memórias sórdidas
inundam a mente
e dilaceram meu coração?

nascente de lágrimas,
abertas as cicatrizes.
masoquismo barato,
que irradia pele,
e segue sem fim.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

criação

na tela branca a vontade de preencher.
inundar de palavras o vazio
uma busca de sentidos e significados
que muitas vezes
acabam por nada dizer.

e como um ciclo vicioso,
quase sempre é a mesma ladainha.
o cursor martela
enquanto aguarda.
um pouco como um metrônomo,
continuo e certo.
indiferente aos fatos,
seguindo seu curso.

vez ou outra,
nasce uma enxurrada,
terminando rapidamente o trabalho.
em outras,
demora.
como demora!
até desiste,
não era o momento.

passa o tempo,
minutos, horas, dias, às vezes meses,
quem sabe anos.
e então, nos segundos em que digita,
tudo para.

faz-se silêncio,
só restam as palavras,
que juntas formam frases, parágrafos, texto.
e o cursor,
tão irritante muitas vezes,
na digitação não bate,
não pisca, não altera.
segue firme a ordem dos dedos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

prelúdio

e reúne forças mais uma vez.
fica muda,
quieta.
em si,
consigo,
só.

não sozinha,
intrínseca.
no sonho das possibilidades,
na ilusão da realidade.
viaja no pensamento translúcido,
que obnubila,
confunde.

veste a fantasia,
mas não pendura a máscara.
dá a cara a tapa,
disposta pro que der e vier.
encara as consequências,
apesar de brigar com as escolhas.

vai,
volta,
acredita,
arrepende.
ninguém sabe o amanhã.
no fundo, ainda há esperança,
apesar de saber que há tempos,
deveras está morta.

será?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

escolher, crescer, só.

ando bastante bipolar ultimamente.
não que eu normalmente não seja,
mas sinto como se estivesse tri, polipolar.
talvez seja essa fase de superações,
mudanças, términos, inícios.

há exatos 8 meses cheguei a conclusão que tinha dificuldade com escolhas.
sempre me deixei levar na maioria das circunstâncias,
coisas banais como em qual restaurante jantar,
ou que filme assistir.
nunca fui muito de bater martelo, não arredar o pé.
talvez porque no fundo não quisesse eu mesma ter que decidir.

descobri também que o problema não é entre o sim e o não.
tudo se complica quando eu passo a ter mais de duas opções.
no caso citado como conclusivo, eram 4.
talvez tenha feito a melhor escolha,
talvez não.
mas isso é algo que nunca irei saber.

a realidade é que hoje,
após inúmeras escolhas já escolhidas,
me perdoe a redundância,
percebo que isso é um problema.

a vida é uma eterna escada com múltiplos degraus,
nos levando para todos os cantos possíveis.
e como escolher para onde ir?
claro, a balança.
os prós e contras.
até parece que é tão simples assim.

talvez seja tão difícil devido as consequências.
talvez seja porque escolher é crescer,
e muitas vezes esse processo dói.
não pretendo ser conclusiva,
até porque não saberia como faze-lo.

então sigo,
como sempre.
em busca das minhas escolhas,
porque pra complicar mais ainda,
só a gente pode decidir.
estamos eternamente sós,
apesar de quase sempre acompanhados.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

talvez seja uma qualidade,
ou um defeito?
perdoa fácil, esquece rápido.
segunda chance,
tenta de novo.
mas não vacila,
memória fica.
todos merecem uma segunda chance,
quase todos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

4 estações

os dias de sol eram quentes, mas a brisa noturna arrepiava.
era tão bom ver seu olhar refletindo,
e o som das ondas do mar, na praia.
a canga colorida sempre cheia de areia,
o violão que você fazia questão levar,
só porque sabia que no fundo eu ia acabar cantando.
aqueles dias dourados,
longos,
intermináveis.

os dias de sol eram quentes, apesar do vento constante.
o guarda-sol não mais fazia-se tão necessário.
o calor queimava, mas não o suficiente.
eu chegava com meus amigos,
e você, quando podia, aparecia.
muitas vezes de surpresa,
jogando agua em todo mundo...
aqueles dias avermelhados,
de por-do-sol,
cansativos.

os dias de sol eram quentes, apesar de gélidos na sombra.
o casaco não saía da bolsa,
e a praia era deliciosa.
mais vazia, tranquila.
um livro de companhia,
uma vez ou outra uma amiga,
ou você.
dias que terminavam cedo,
devido ao frio.

os dias de sol eram quentes, com um vento refrescante.
biquini, blusa, ipod, caderno, caneta.
eu ia sozinha, sempre.
as vezes esbarrava em alguém,
ou recebia uma ou outra ligação.
mas depois do fim,
havia escolhido ficar um pouco só.
os dias eram longos,
belos,
criativos,
inspiradores.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

parabéns

quero vomitar as palavras que um dia disseste-me
ilusórias criações de um futuro inexistente.
sufocar seus desejos,
como maltratastes meu sonhos.
destruir suas esperanças
destroçando seus sentimentos.

conseguiste minha raiva,
após quase possuir meu amor.
ódio e rancor de braços dados,
tentando lhe alcançar.
um belo presente de aniversário,
o que mais poderia lhe dar?

que comemore em ruínas,
assim que desmoronado.
mas não me entenda mal,
torço para que construa de novo.
mas espero que fique bem alto,
seu castelo de medos e mentiras.
para então eu poder ver de longe,
e nessa ampla distância continuar.

tapa na cara


em meio a conversa,
ferida,
decepção sentida,
numa surpresa ruim.
inocente e ingênua,
julgada sem dó.

da perda há tanto ocorrida,
a raiva surgida.
trinca o dente,
sente o suor.

a lágrima que não escorre,
porque o orgulho fere.
e a ausência não mais faz falta,
assim como a expectativa extinguiu.

vá-te a merda,
a hora é essa,
seu bonde partiu.

esqueça de mim,
seu tempo acabou.
jogue seu jogo,
palavras e ego,
se faz de esperto,
e de vencedor.

roda gira gira,
foi só uma partida,
parabéns,
terminou.



sábado, 22 de janeiro de 2011

Valsa de um só


Talvez eu tivesse ideias para escrever. Mas, naquele momento, em meio a penumbra e o chacoalhar do ventilador, nenhuma das palavras fazia sentido. Era de um vazio curioso, que causava enjôo.

Talvez, na verdade, o receio de saber é que provocava tudo isso. O medo de encontrar a resposta e então seguir seu caminho.

Talvez, fosse pura sabotagem. Amedrontar-se com a possibilidade de realmente aparecer, conseguir, conquistar, realizar.

Talvez, nada mais que o pavor do sucesso. De olhar para si e ficar totalmente satisfeito e feliz com o que vê. Talvez, na sombra deixada pelo abajur do canto, talvez ali, ela enfrentasse. Não seus medos, problemas, desafios. Talvez ali, confortável, obnubilada, ela conseguisse enfim encarar a si mesma. Sem plateia, público, espectador.

E o chacoalhar do ventilador, o zunido do lápis no papel, ela e sua outra metade. Ou seria eu e minha outra metade? Numa disputa de eu mesmos, de conduções e confusões. Uma dança sem graça, sem música, sem luz, sem fim.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

verão


o calor que faz melar,
do suor que escorre a nuca.
e que com a gota gelada do mar,
arrepia e inspira.

o sol queimando a pele,
deixando seu rastro avermelhado,
em alguns moreno.

transpira e água,
inunda de sede e fogo.
úmido,
molhado,
seco.

das praias lotadas,
do banho de mar
e de chuva.

da saudade quando termina,
e a espera do carnaval.
joga serpentina,
mergulha de cabeça.

verão.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

próximo capítulo

seria mentira se eu dissesse que já está tudo ótimo.
que você já não passa mais pela minha cabeça,
e que é somente uma apagada memória.

porem não minto ao dizer que foi.
que consegui enxergar que já deu
e no mais clichê de todos,
foi bom enquanto durou.

consigo, ao menos, agora,
não ficar mais me questionando,
e imaginando,
como teria sido se durasse mais.
se as coisas tivessem sido a minha maneira
e não a sua.

porque agora isso já não importa mais.
porque depois do ponto final,
inicia-se um novo parágrafo,
mudando o assunto.

ou simplesmente vira-se a página,
(olha o clichê aí de novo)
ou mesmo um novo livro.
talvez somente um novo capítulo,
afinal,
trata-se de mim.
e se você já não mais faz-se presente,
não é por isso que minha história chega ao fim.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O peso não é mais o mesmo.
Como transformada em pluma,
sinto-me a flutuar,
sem pesar o fim.
Porque ciclos acabam,
enquanto outros iniciam.
E estar só não quer dizer solidão.
O monólogo tornou-se cansativo,
e eu prefiro dialogar.
Que seja comigo mesma,
que pelo menos me escuto,
e discuto se não concordar.

Consciência IV , quem sabe o fim

esvaziada.

libertada,
tranquilizada,
conscientizada.

acalmada,
perturbada,
acreditada,
transtornada.

melhorada,
malcriada,
mal-lavada,
terminada.

desabada,
encrencada,
realizada.

basta.
recomeço.

Consciência III

para veres como borbulha por dentro,
como consome minha sanidade,
como tiras-me do sério.

ardente sufocou,
criou bolhas internas,
que agora cicatrizam em paz.

e do mais,
que você se contente,
e esteja contente,
com o meu não querer mais.

porque já basta,
o fogo alastrou.
e a chama que queima,
não é mais de prazer.
ela inunda o ser,
como ácido sulfúrico
que em segundos corrói.

não quero saber,
vá se fuder,
eu vou é viver.

Consciência II

em meio a tanta decepção,
respire.
cate fundo mesmo quando não há mais ar.

não generalize,
não vai ser sempre assim.

coragem,
consigo mesmo.
é pra você
e por você.
pra mais ninguém.

escute,
aceite,
entenda.

podem lhe entregar lanternas,
mas só você pode enxergar a luz.

não desista,
enfrente,
persista.

decisões,
suas.
tomadas sozinho.

assim é,
assim foi,
assim sempre será.

por isso,
de novo,
respire.
confie
e vá.

você,
vá pra puta que te pariu.
eu,
vou.
seguir meu caminho.

Consciência

Às vezes, ela se pega questionando se é desse mundo. Se por dentro tem sangue, coração ou simplesmente água e gelo. Um castelo erguido pedra por pedra, lentamente, durante os anos. Uma enorme dificuldade de abrir a porta e deixar qualquer coisa entrar. Tanto esforço para correr o risco de um cavalo de troia? Mas se convence, que a felicidade só real quando dividida. Então, aos poucos, fresta a fresta, vai deixando uma brisa entrar. Sente um calafrio e um pingo. Seria uma lágrima? O sopro da brisa trouxe o calor. Que aos poucos derrete, cômodo a cômodo, parede a parede, aquele castelo tão bem construído. Mas será isso ruim? Um palpitar. Lento, baixinho, se inicia. E com ele, um liquido invadindo, se espalhando. O calor aumenta e inunda rapidamente, alagando todo o resto. Mas o prazer do aquecimento logo se vai. Como sempre previu que aconteceria, com as portas abertas, o cavalo de troia entrou e tudo destruiu. O palpitar que antes era baixo, tímido, tornara-se ensurdecedor. Ocupava um espaço enorme trazendo consigo sentimentos desconhecidos. O cavalo foi embora trotando, deixando bosta espalhada por todo caminho. Só que o cheiro causava dor. E então, ficou a questionar-se porque havia aberto a porta? Por que caíra na tentação? O frio nunca a havia decepcionado. Mas, ao mesmo tempo, sua memória a traía.  Ficava criando imagens relembrando como era bom no fogo. Como era diferente de tudo que já havia vivido antes. Cheia de dúvidas, voltou a construir o castelo, lentamente. Mas não sabia que toda vez que dormia, inconscientemente, ia lá e desmontava alguma coisa, para que ele nunca mais voltasse a se erguer. Talvez fosse porque no fundo soubesse que apesar da dor, valeria a pena tentar  viver o que foi bom de novo, mas quem sabe de alguma maneira diferente.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Martelo

O pior de tudo era ter que aceitar que era em você que eu pensava. Que apesar de estar com outro, era você que eu via quando fechava os olhos. A boca não era a mesma, o encaixe não era tão bom. A mão que me tocava não gerava o calor da sua, nem as faíscas que saíam de nós. Mas no auge da situação, me deixei levar. Me questionando por que não era você que estava ali? Talvez estivesse com outra, em algum lugar. Talvez estivesse só. Não sei e provavelmente nunca irei lhe perguntar. Mas como um relógio, que bate sem parar, ou como uma britadeira em dia de domingo, acordando aqueles que só querem descansar. Você martela em minha cabeça. Sem pausa pro xixi ou mesmo para uma hora de almoço. Você aparece do nada e fica na minha mente hospedado, como se fosse um convidado ilustre. Passeando por todos os cômodos, pedindo serviço de quarto e tudo mais. Quando será que você vai voltar dessas férias intermináveis dentro da minha cabeça?! Aguardo ansiosa para que você se vá, ou que volte, mas com carne, osso e sentimento. Não somente como uma assombração.