terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Consciência

Às vezes, ela se pega questionando se é desse mundo. Se por dentro tem sangue, coração ou simplesmente água e gelo. Um castelo erguido pedra por pedra, lentamente, durante os anos. Uma enorme dificuldade de abrir a porta e deixar qualquer coisa entrar. Tanto esforço para correr o risco de um cavalo de troia? Mas se convence, que a felicidade só real quando dividida. Então, aos poucos, fresta a fresta, vai deixando uma brisa entrar. Sente um calafrio e um pingo. Seria uma lágrima? O sopro da brisa trouxe o calor. Que aos poucos derrete, cômodo a cômodo, parede a parede, aquele castelo tão bem construído. Mas será isso ruim? Um palpitar. Lento, baixinho, se inicia. E com ele, um liquido invadindo, se espalhando. O calor aumenta e inunda rapidamente, alagando todo o resto. Mas o prazer do aquecimento logo se vai. Como sempre previu que aconteceria, com as portas abertas, o cavalo de troia entrou e tudo destruiu. O palpitar que antes era baixo, tímido, tornara-se ensurdecedor. Ocupava um espaço enorme trazendo consigo sentimentos desconhecidos. O cavalo foi embora trotando, deixando bosta espalhada por todo caminho. Só que o cheiro causava dor. E então, ficou a questionar-se porque havia aberto a porta? Por que caíra na tentação? O frio nunca a havia decepcionado. Mas, ao mesmo tempo, sua memória a traía.  Ficava criando imagens relembrando como era bom no fogo. Como era diferente de tudo que já havia vivido antes. Cheia de dúvidas, voltou a construir o castelo, lentamente. Mas não sabia que toda vez que dormia, inconscientemente, ia lá e desmontava alguma coisa, para que ele nunca mais voltasse a se erguer. Talvez fosse porque no fundo soubesse que apesar da dor, valeria a pena tentar  viver o que foi bom de novo, mas quem sabe de alguma maneira diferente.

Nenhum comentário: