terça-feira, 30 de setembro de 2008

na medida

ela queria ser curta,
mas não conseguia.
a vida toda foi longa.

ela queria ser longa,
mas não conseguia.
a vida inteira foi curta.

ela queria ser curta,
mas sempre escrevera
umas 160 linhas.

ela queria ser longa,
mas parara de crescer
no 1m60.

ela queria ser curta e fora longa.
ela queria ser longa e fora curta...
acabou mediana.

ela sempre morou no quinto andar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

feliz ano novo

ano novo,
tempo de mudanças.
é sempre assim,
as mesmas promessas,
juras de amor [ou não].
planos e sonhos mirabolantes.
pensamento positivo,
sentimento de que valeu a pena
[e continuará a valer].
desejos, sensações.
365 dias,
12 meses,
2 semestres.
um momento de recordação.
apagar as tristezas,
aprender com os erros,
encarar um novo começo,
porque como já dizia o espírita:
"embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim".
shaná tová umetuká,
que seja um ano bom e doce.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

falei. falei? não. falei?

falei. falei? não. falei?


hoje eu queria falar,
mas as palavras fugiram.
não as vomitei,
só engoli.
ficou aqui, atravessado.
mas hoje,
hoje,
hoje, pelo menos eu voltei a sorrir.
contraditório,
eu sei.
mas quem foi que disse que tem que fazer sentido?
quem foi que disse?
quem foi?
hoje,
hoje, as palavras ficaram,
e os pensamentos também.
você,
você se foi.
e eu,
eu estou aqui.
mas quer saber?
quer saber?
não.
não?
eu sabia que não ias querer.
ótimo,
ótimo mesmo,
eu não queria te falar.
porque hoje,
hoje,
hoje, eu queria falar
mas as palavras fugiram
não as vomitei,
só engoli.
ficou aqui, atravessado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

lágrimas

lágrimas

o trem vai chegando,
e ela o aguardando.
um brilho no olhar
e o tempo demorar a passar...

- ele disse que vinha hoje,
no último trem da estação.

ela está nervosa,
na manicure, a unha que ontem fizera,
está roída no chão.

e o tempo passa,
p
a
s
s
a
e ele não ch e g a ...

o último vagão passou por ela
todos desceram,
ele não estava lá.
nenhum sinal dele

- ele não vem.
ele a enganou
- ele me enganou.

olhos cheios de lágrimas,
uma escapa
e escorre.

a estação vazia
e a voz do locutor informa seu fechamento
a fumaça dissipa
ele aparece.

- ele veio,
não mentiu.
veio pra mim.

ele se abaixa
[precisa amarrar os cadarços]

- vejo uma mulher?!

ela dá a mão para ele.
ele a beija.

- não é ele,
não pode ser.
mas ele garantiu que vinha..

- ele tem outra,
não quis me falar.
quis ser bonzinho,
tudo para não me magoar.

bonzinho?
ele chegou com outra,
isso não tem cabimento!

ela se aproxima,
de va gar...
precisa ver de perto

toma um susto!
quando ele vira.
lágrima escorre,
ela ri.

não era Paulo,
não,
não era ele.

- ele não veio,
mentiu pra mim.

ela se vira,
mais lágrimas,
sofrimento,
surpresa.
um grito.

- PAULO!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

lost

às vezes a gente se sente inseguro,
às vezes a gente se sente sozinho,
às vezes a gente se sente no escuro,
às vezes a gente se sente perdido.
Estou dentro de um túnel cujo fim não consigo enxergar.
O que acontece comigo? Não há luz para me iluminar!
Quero achar uma saída, uma busca incansável e sem fim.
Estou perdida no mundo, perdida dentro de mim...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

liberte-se

algumas vezes a gente quer falar.
ou melhor, as vezes eu quero falar.
vamos parar de escrever como se todo mundo fosse assim, tivessem os mesmos problemas que eu.

opa!
vou para de escrever como se todo mundo fosse assim.
eu sou. é minha experiência, e isso que importa.
bom, continuando...
algumas vezes eu quero falar.
as palavras estão aqui, na minha garganta, presas.
não dá, parece que elas se amarram as minhas cordas vocais e não soltam por nada nesse mundo. prazer inenarrável de ficar ali, sentindo a vibração da minha respiração.. da minha ansiedade..
isso me põe louca. tantas coisas que eu sei que deveria falar, tantas.
mas se soubesses como é difícil me libertar, como é difícil...
é verdade que as vezes eu não sei o que falar, mas eu sei que preciso, de alguma forma.
daaaí falo qualquer asneira, como se tivesse me livrado daquilo,
e na verdade continua tudo ali. quietinho, brincando de pique-esconde com meus pensamentos, sentimentos, com minha razão.
e então tem dias que eu escrevo, tento vomitar as palavras através dos dedos. funciona?
de uma certa maneira sim, alivia. mas, no fundo no fundo, não é o suficiente.
porque por mais que eu ache que coloquei tudo pra fora, um resquício sobra..
sabe quando tem alguma coisa encomodando na garganta e vc não sabe o que que é?
pois então, é vontade de falar, gritar! algo engasgado, querendo sair.
as vezes, a soma de um travesseiro e um grito geram um bom resultado [travesseiro + grito = alívio], mas nem sempre é o suficiente.
o legal é que hoje eu me libertei.
não, eu não fui me declarar pr'aquele menino. [queria que meu problema fosse simples assim, cara de pau não me falta] . nem falei pr'aquela menina da faculdade que ela é uma falsa que se faz amiga de todo mundo. não, eu não falei pro meu melhor amigo que to achando ele um babaca faz tempo e que nossa situação está ridícula. não, eu não falei pra esse melhor amigo que não sei mais se ele é [ou já foi] realmente meu melhor amigo. não, eu não falei pro meu pai todas as verdades que eu gostaria de dizer, nem pra minha mãe.
mas, mesmo assim, eu me libertei.
me libertei porque eu falei pra mim. conversei comigo mesma. fiz aquilo que eu quis fazer sem ligar pro que os outros iriam dizer.
sim, eu me libertei porque eu fui eu mesma [e tive orgulho de mim].
sim, eu me libertei porque eu quis que fosse assim.
sim, sim, sim.
eu estou livre e pretendo que fique assim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

24h

bip bip bip bip
uma mão bate no despertador.
passam cinco minutos...
- uuuunh, aaah!
a boca pedindo água.
ela se levanta, tudo ainda está escuro.
o caminho até a cozinha parece tão longo a essa hora da manhã.
um frio do diabo. ela se deita, satisfeita.
os pensamentos invadem a cabeça. ela pensa e não pára.
tic tac, os segundos sumiram
tic tac, os minutos voaram,
tic tac, quinze minutos passaram,
tic tac, meia hora já se foi.
os olhos já não se fecham mais.
histórias de ontem e acontecimentos de amanhã.
a cabeça a mil.
bip bip bip bip
um despertador toca [não é o dela]. alguém se mexe e o som pára.
ela espera.
o silêncio reina.
ela, ela não pára. pelo menos, sua cabeça não.
sons. milhares deles ecoando, a perturbando.
totalmente perdida dentro de si.
o primeiro pássaro canta. vê-se o crepúsculo matutino.
e ela continua sem sono, lerda, perguiçosa, pensante.
bip bip bip bip
outro despertador [ainda não é o dela]. alguém se mexe e o som pára.
ela espera.
o silêncio reina.
mais pássaros cantam e um motor ronca.
um lobo uiva, um galo cacareja.
ela permanece quieta, imóvel, extática.
um frio do diabo, uns três cobertores.
um cachorro late, vários bem-te-vis discutem.
bip bip bip bip
mais um toca. alguém se mexe e o som pára.
ela espera.[se, ao menos, ela se lembrasse que o dela já tocara]
o silêncio reina.
tic tac, os segundos pesam,
tic tac, os minutos arrastam,
tic tac, duas horas voaram.
bip bip bip bip
um último despertador toca. alguém se mexe. alguém levanta.
ela também.
o silêncio some.
o dia começa.
a rotina inicia,
e ela pensa [pra não perder o hábito].
a cabeça dela em nenhum momento deixou de pensar.