quarta-feira, 20 de julho de 2011

dia do amigo? ou mais um dia qualquer?



Vivemos num mundo cercado de datas. Dia das mães, dia dos pais, natal, pessach, ano novo, dia das crianças, dia dos namorados. São muitos dias de alguma coisa. E como não poderia faltar, tem o dia do amigo. Mas diferente  dos outros dias já citados, nesse não se ganha presente. Fico me perguntando por quê? Alguns podem afirmar a enorme quantidade de presentes que teriamos que dar, afinal, não temos só um amigo. Será? Não é de hoje que as pessoas confundem o que a palavra amigo representa. Não o simples significado do dicionário -  Que é ligado a outrem por laços de amizade; em que há amizade; amical, amistoso; simpático, acolhedor; que ampara ou defende; protetor; companheiro, colega -  que, na verdade, não é tão simples. Será então que colega e amigo são sinônimos? 

Não é de hoje também que rola um preconceito com a palavra colega. "Colega não po, que coisa mais de nem!". Mas se não é colega é o que? No trabalho, temos amigos ou colegas? Na escola, faculdade, cursinho? Na padaria, no jornaleiro. O garçom que sempre te atende no buteco e libera aquela saidera de graça é o que? Claro que podemos ter amigos em todos os lugares, mas acho que a palavra acabou banalizada. Quem é que nunca ouviu seu pai, ou mãe, vô, vó, tio, alguém importante da família dizendo "meu filho, amigo a gente conta na ponta dos dedos". E aí você vira e fala: "mas vó, eu tenho 700 amigos no facebook". Talvez tenha vindo das redes sociais essa banalização. A internet e sua capacidade de aproximar pessoas tão distantes.. Quantos feliz aniversário você recebeu esse ano? Quantos foram pelo orkut, facebook, email? Quantos foram por sms? Quantos te ligaram ou fizeram questão de te encontrar? 

Talvez isso não faça a menor diferença. Talvez o importante é ter sido lembrado. Mas será que vale quando você recebe o aviso por um computador? Que escreve lá bem grande "olha, é aniversário do fulano, não esqueça de dar os parabéns". Do meu ponto de vista, os parabéns mais queridos são os inesperados. E também aqueles criativos. Afinal, desejar tudo de bom, escrevendo assim no computador pode não ter valor nenhum pra você, não passar de uma mera educação. Por isso, atualmente eu só dou parabéns pra quem eu realmente penso no dia sabe, desejo de verdade. Claro que muitas vezes é a rede social que me avisa, não somos uma agenda ambulante que precisa saber tudo decorado. Mas para que dar parabéns se você não está realmente se importando? E digo mais, em meio a 700 parabéns (lembra, vc tem 700 amigos!) duvido que leia calmamente um a um. É um filtro natural sabe? Primeiro você olha quem escreveu, daí resolve se vai ler o recado.

Enfim, em mais um dia do amigo, me questiono quantos amigos eu tenho? Rola um flashback gigantesco, pensando em um a um. Lembrando momentos, risadas, lágrimas, bebidas, comidas. Músicas, filmes, fotos. Ligações surpreendentes e visitas. De uma certa maneira, tudo está relacionado a nossos amigos. E então, eu concluo que vovó estava errada. Eu realmente tenho mais de dez amigos. Todos são diferentes e especiais a sua maneira. Completos e incompletos. Específicos e gerais. Certamente não tenho 700 amigos. Tenho contatos, bem mais que 700. Tenho queridos, tenho colegas, tenho companheiros, tenho irmãos. Como num quebra cabeças gigantesco, se encaixam até formar um todo. Que me emociona, faz sorrir e chorar. Perder o fôlego.

Mas, talvez não devesse existir dia de nada. Nem de mãe, nem de pai, nem de amigo. Por que imagina aqueles que não têm? Mas a vida é isso né? Lidar com perdas e ganhos. Quantos amigos já não se foram? E não falo só de morte. Se no dia do amigo não se dá presente, pelo menos faça-se presente. Marque um chope, uma pizza, um cinema. Troque ideias ou um telefonema. Todo dia é dia do amigo, assim como todo dia é dia de mãe, de pai, de namorado. Mas já que estabeleceram uma data no calendário, por que não comemorar? 
Feliz dia do amigo. 
=]

segunda-feira, 11 de julho de 2011

armadura

será que por trás daquela revolta,
e de toda aquela pose,
não existe alguém tímido e solitário?

será que não é somente uma armadura,
bem forte, que empurra e faz aguentar o dia a dia?
ou talvez seja o excesso de cicatriz,
que fez uma camada bem grossa,
difícil de furar.

tão instável, inconstante.
na complexidade do simples,
junta experiências e constrói um castelo.
guarda artimanhas e tropeços,
prefere não esquece-los,
para que não caia novamente.

só que camaleões existem,
e não dá pra vencer sempre.
quase sempre.

respira fundo, engole seco,
suspira.
ai, ai...
não diz o que pensou,
sorri,
ou lamenta,
e segue.
como sempre deve ser.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

viver


por que torna-se tão difícil ir?
presa por paradigmas,
em conceitos tantas vezes ultrapassados.

levada por impulso, então seria?
mas há vontade em fim, no fundo.
e como lidar com esse conflito interno,
que me balança e às vezes enlouquece?

a razão e a emoção furiosamente discutem,
e fazem pensamentos berrarem dentro de mim.
a cabeça insana não entende e o signo não ajuda.

tinha que ser tão complicado tomar uma decisão?
e embora ache que já sabe o que quer,
na hora de ir não vai.

vá criatura,
enfrente a vida e se deixe viver,
um dia de cada vez,
em paz.