quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

eu tive um sonho.
sonhei que você me traía.
sonhei que você estava num ônibus
e quando eu ia falar contigo
você descia.
sonhei que você me via na rua
mas passava direto
esquecera quem eu era.
eu tive um sonho.
ou melhor,
eu tive um pesadelo.
a gente não mais se falava.
eu sentia sua falta.
você a minha,
[mas não sabia exatamente que era de mim].
eu tive um sonho
e quando acordei fiquei na dúvida
se era sonho ou realidade.
ultimamente anda tudo tão igual.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O que são as conhecidências? Elas realmente existem?
Penso na lei de murfy. Aquela que todo mundo diz ser a do contra. Mas será que é do contra mesmo? Será que não saber o que vai acontecer é assim tão ruim? Será que acontecer o contrário do que a gente estava pensando, mas no fim resultar em coisa boa é realmente pura conhecidência? Será que as loucas suposições da nossa cabeça são verdade?
Será que pegar um ônibus três vezes com a mesma pessoa é pura conhecidência? Será que querer que isso aconteça influencía em alguma coisa? Será que distrair-se e vê-lo chegar tem ligação? Será que é só uma questão de conhecidências ou é destino?
Não sei, você sabe?
Não sei se quero saber.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

É um olhar diferente o das 6h da manhã.
No ônibus, várias caras de sono, trabalhadores que já estão há umas duas horas fora de casa. Na rua, alguns lugares abrindo suas portas, com os primeiros empregados a chegar. Outros estabelecimentos permanecem fechados, dormindo. Há pouquíssimos carros na rua, nenhum trânsito. Vê-se poucas pessoas também. Muitos mendigos embaixo das marquizes dormindo, de Laranjeiras à Gávea. O sol ainda está nascendo. Até cinco minutos atrás, tudo era escuridão. O tempo passa mais devagar e os prédios e construções vão se mostrando à medida que o ônibus passa e o sol os ilumina.
A viagem de 40 minutos dura 15. Quando vou ver, já é hora de descer. O ônibus esvaziou-se. Umas gotas de chuva dão o ar da graça. Eu caminho, sozinha, em direção ao que parece ser um longo dia.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Um mês por ano

**********Marco acordou com muita saudade. A princípio ele não sabia do que, mas fez um esforço para tentar saciar aquilo que o incomodava. Foi parar na casa de Joana, sua vizinha e melhor amiga. Conversaram um pouco, então lembrou daquele dia da praia. Ele, Joana e Otávio haviam ido juntos. Jô, como sempre, super sociável, cumprimentou uma enorme quantidade de pessoas quando chegaram. Otávio, assim como Marco, não conhecia ninguém. “Pêra lá, eu conhecia a Andressa, já esqueceu?”, acrescentou Marco para Joana.
**********Joana é a escritora da galera, sabe por no papel tudo aquilo que eles estão sentindo, mas, ao mesmo tempo, é péssima para falar. No momento tentava escrever o motivo da saudade do amigo. “Ta, continua Jô”, pediu Marco.
**********Pois era mais um dia das férias de julho: sol, calor, praia de meio-dia. Tudo estava ótimo. Só que do nada o tempo fechou. Marco, o mais brincalhão, já de saco cheio de estar lá, tentou apressar os amigos. “Me escutem, se a gente for embora agora não toma chuva”. Jô não deu ouvidos e foi para o mar. Logo veio Marco atrás dela. Na verdade, ela não mergulharia (tem um medinho da água) e Marco sabia disso. Foi justamente para encher um pouco o saco da amiga. Ficaram conversando durante um tempo e Joana mostrou no mar lugares onde já estava chovendo. “Mentira que aquilo é chuva!”, exclamou Marco. Joana tinha aprendido a reconhecer a chuva com seu pai, há muito tempo. Os dois viram Otávio olhando pro nada, no meio daqueles desconhecidos (pelo menos para ele), quase que falando sozinho. “Vem cá”, disse Jô. “Eu?”, perguntou Otávio. “Não, minha mãe”, respondeu Marco. Agora estavam os três de frente para o mar. “Sabe que aquilo ali é chuva?”, perguntou Otávio. Jô riu e Marco, inconformado, reclamou. “Pô, todo mundo sabe disso menos eu?”. Ele era daquele tipo de garoto metido a sabidão, que não se conformava em não saber alguma coisa que seus amigos sabiam.
**********Resolveram ir embora e acabaram fazendo com que todo mundo também fosse. Pegaram carona com Alberto, um fanfarrão da galera. No meio do caminho desabou um temporal inacreditável, então todos agradeceram aos três por terem partido. A volta para casa foi divertida. Juntos, no banco de trás do carro, morreram de rir das palhaçadas que faziam.
**********Jô sabia que logo logo aquilo tudo iria acabar. Otávio, em poucos dias, voltaria para sua cidade. As aulas iriam recomeçar e mais umas férias de inverno ficariam para trás. Marco retornaria ao trabalho e Joana à faculdade.
**********Aos poucos foi ficando claro que era desse sentimento que Marco sentia falta naquele dia. Da amizade das férias, das praias, saídas, pura diversão. Eram sempre três melhores amigos durante todo um mês de cada ano.
**********“Fim”, disse Joana.
**********“Não sei como você consegue Jô, parece que fui eu quem escreveu”, comentou Marco. "Consegui ver o filme na minha cabeça”.
**********“É, eu não sei explicar. De repente eu estava sentindo o mesmo que você”.
**********“Pode ser. Julho sempre é o melhor mês do ano, quando estamos juntos.”
**********“Nossas aventuras, dramas, risadas”.
**********“Queria que o Távio morasse aqui com a gente.”
**********“Não seja tolo! Só é tão bom porque é raro. Todo mês não teríamos as histórias inusitadas pra contar, nem os problemas de faculdade e trabalho. Além disso, não teríamos os casos paulistas que ele sempre traz”.
**********“É, você está certa como sempre”.
**********“Como sempre? Nossaaaa, deveria ter gravado essa frase!”
**********Joana e Marco eram assim. Viviam brigando, mas eram totalmente unidos. Se conheciam desde os três anos de idade e nunca souberam viver sem a amizade um do outro. Conversavam, discutiam e riam, riam muito.
**********Otávio era o complemento do trio. Quando juntos não havia briga, não gostavam de perder tempo com isso. Eram sempre os três se aventurando pelo Rio de Janeiro. Curtindo as férias como se fossem os últimos dias de suas vidas, fazendo tudo que desse vontade.
**********O paulista normalmente se instalava na casa de Jô. Desde que se conheceram, há uns cinco anos, se tornaram muito amigos. No início, Marco teve ciúmes. Era ele o melhor amigo da menina e ver um concorrente não foi nada satisfatório. Mas ele percebeu que juntos eram imbatíveis. Nesse último verão, Távio ficou duas semanas na casa de cada um, mas, no final das contas, acabavam sempre os três juntos. Quando ele estava na casa de Jô, Marco também dormia lá, e quando estava na casa de Marco, era a vez de Jô permanecer por lá. E assim acontecia todo ano, durante o mês de julho, quando os dias eram mais divertidos e passavam mais rápido e três amigos torciam para que durassem para sempre.

********** = Parágrafo

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

ele fala, fala,
mas o ouvido parce não querer ouvir.
é chato.
nada interessante.
ele já tinha chamado sua atenção,
mas o garoto não estava nem aí.
tinha feito o seu papel,
tirara dez.

ele quer o quê?
que eu preste atenção em tudo que ele fala?
eu não estou na escola.

lá fora, alguém fala.
ele queria sair da sala,
fazer uma horinha.
está tão ansioso.
o telefone tem que tocar,
mas hoje ainda é segunda-feira.
tem a semana toda pela frente.
esperar, esperar,
vai ter que distrair a cabeça.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

uma vez por ano

em um lugar distante, ela era tudo o que queria ser.
logo ali, ela fingia ser quem não era.
usava fantasia.
jamais usara máscara.
era uma amante do carnaval.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

batalha cotidiana

batalha cotidiana

esperei, pacientemente.
exercitei a calma.
fui fazer outra coisa,
contei até 100.
nada.
me esforcei.
calculei se valeria a pena,
imaginei.
nada.
mordi os lábios,
tensa.
esperei, pacientemente.
fui à cozinha,
comi alguma coisa.
nada.
respirei fundo,
pensei.
esperei, pacientemente.
lembrei de tudo,
dos atos,
das falas,
das brigas,
das lágrimas,
das risadas.
nada.
dei uma espiada [ele ainda estava lá],
terminei o lanche.
só três minutos se passaram,
agonia lenta.
esperei,
esperei,
esperei.
pacientemente,
fui ver tv.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

na medida

ela queria ser curta,
mas não conseguia.
a vida toda foi longa.

ela queria ser longa,
mas não conseguia.
a vida inteira foi curta.

ela queria ser curta,
mas sempre escrevera
umas 160 linhas.

ela queria ser longa,
mas parara de crescer
no 1m60.

ela queria ser curta e fora longa.
ela queria ser longa e fora curta...
acabou mediana.

ela sempre morou no quinto andar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

feliz ano novo

ano novo,
tempo de mudanças.
é sempre assim,
as mesmas promessas,
juras de amor [ou não].
planos e sonhos mirabolantes.
pensamento positivo,
sentimento de que valeu a pena
[e continuará a valer].
desejos, sensações.
365 dias,
12 meses,
2 semestres.
um momento de recordação.
apagar as tristezas,
aprender com os erros,
encarar um novo começo,
porque como já dizia o espírita:
"embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim".
shaná tová umetuká,
que seja um ano bom e doce.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

falei. falei? não. falei?

falei. falei? não. falei?


hoje eu queria falar,
mas as palavras fugiram.
não as vomitei,
só engoli.
ficou aqui, atravessado.
mas hoje,
hoje,
hoje, pelo menos eu voltei a sorrir.
contraditório,
eu sei.
mas quem foi que disse que tem que fazer sentido?
quem foi que disse?
quem foi?
hoje,
hoje, as palavras ficaram,
e os pensamentos também.
você,
você se foi.
e eu,
eu estou aqui.
mas quer saber?
quer saber?
não.
não?
eu sabia que não ias querer.
ótimo,
ótimo mesmo,
eu não queria te falar.
porque hoje,
hoje,
hoje, eu queria falar
mas as palavras fugiram
não as vomitei,
só engoli.
ficou aqui, atravessado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

lágrimas

lágrimas

o trem vai chegando,
e ela o aguardando.
um brilho no olhar
e o tempo demorar a passar...

- ele disse que vinha hoje,
no último trem da estação.

ela está nervosa,
na manicure, a unha que ontem fizera,
está roída no chão.

e o tempo passa,
p
a
s
s
a
e ele não ch e g a ...

o último vagão passou por ela
todos desceram,
ele não estava lá.
nenhum sinal dele

- ele não vem.
ele a enganou
- ele me enganou.

olhos cheios de lágrimas,
uma escapa
e escorre.

a estação vazia
e a voz do locutor informa seu fechamento
a fumaça dissipa
ele aparece.

- ele veio,
não mentiu.
veio pra mim.

ele se abaixa
[precisa amarrar os cadarços]

- vejo uma mulher?!

ela dá a mão para ele.
ele a beija.

- não é ele,
não pode ser.
mas ele garantiu que vinha..

- ele tem outra,
não quis me falar.
quis ser bonzinho,
tudo para não me magoar.

bonzinho?
ele chegou com outra,
isso não tem cabimento!

ela se aproxima,
de va gar...
precisa ver de perto

toma um susto!
quando ele vira.
lágrima escorre,
ela ri.

não era Paulo,
não,
não era ele.

- ele não veio,
mentiu pra mim.

ela se vira,
mais lágrimas,
sofrimento,
surpresa.
um grito.

- PAULO!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

lost

às vezes a gente se sente inseguro,
às vezes a gente se sente sozinho,
às vezes a gente se sente no escuro,
às vezes a gente se sente perdido.
Estou dentro de um túnel cujo fim não consigo enxergar.
O que acontece comigo? Não há luz para me iluminar!
Quero achar uma saída, uma busca incansável e sem fim.
Estou perdida no mundo, perdida dentro de mim...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

liberte-se

algumas vezes a gente quer falar.
ou melhor, as vezes eu quero falar.
vamos parar de escrever como se todo mundo fosse assim, tivessem os mesmos problemas que eu.

opa!
vou para de escrever como se todo mundo fosse assim.
eu sou. é minha experiência, e isso que importa.
bom, continuando...
algumas vezes eu quero falar.
as palavras estão aqui, na minha garganta, presas.
não dá, parece que elas se amarram as minhas cordas vocais e não soltam por nada nesse mundo. prazer inenarrável de ficar ali, sentindo a vibração da minha respiração.. da minha ansiedade..
isso me põe louca. tantas coisas que eu sei que deveria falar, tantas.
mas se soubesses como é difícil me libertar, como é difícil...
é verdade que as vezes eu não sei o que falar, mas eu sei que preciso, de alguma forma.
daaaí falo qualquer asneira, como se tivesse me livrado daquilo,
e na verdade continua tudo ali. quietinho, brincando de pique-esconde com meus pensamentos, sentimentos, com minha razão.
e então tem dias que eu escrevo, tento vomitar as palavras através dos dedos. funciona?
de uma certa maneira sim, alivia. mas, no fundo no fundo, não é o suficiente.
porque por mais que eu ache que coloquei tudo pra fora, um resquício sobra..
sabe quando tem alguma coisa encomodando na garganta e vc não sabe o que que é?
pois então, é vontade de falar, gritar! algo engasgado, querendo sair.
as vezes, a soma de um travesseiro e um grito geram um bom resultado [travesseiro + grito = alívio], mas nem sempre é o suficiente.
o legal é que hoje eu me libertei.
não, eu não fui me declarar pr'aquele menino. [queria que meu problema fosse simples assim, cara de pau não me falta] . nem falei pr'aquela menina da faculdade que ela é uma falsa que se faz amiga de todo mundo. não, eu não falei pro meu melhor amigo que to achando ele um babaca faz tempo e que nossa situação está ridícula. não, eu não falei pra esse melhor amigo que não sei mais se ele é [ou já foi] realmente meu melhor amigo. não, eu não falei pro meu pai todas as verdades que eu gostaria de dizer, nem pra minha mãe.
mas, mesmo assim, eu me libertei.
me libertei porque eu falei pra mim. conversei comigo mesma. fiz aquilo que eu quis fazer sem ligar pro que os outros iriam dizer.
sim, eu me libertei porque eu fui eu mesma [e tive orgulho de mim].
sim, eu me libertei porque eu quis que fosse assim.
sim, sim, sim.
eu estou livre e pretendo que fique assim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

24h

bip bip bip bip
uma mão bate no despertador.
passam cinco minutos...
- uuuunh, aaah!
a boca pedindo água.
ela se levanta, tudo ainda está escuro.
o caminho até a cozinha parece tão longo a essa hora da manhã.
um frio do diabo. ela se deita, satisfeita.
os pensamentos invadem a cabeça. ela pensa e não pára.
tic tac, os segundos sumiram
tic tac, os minutos voaram,
tic tac, quinze minutos passaram,
tic tac, meia hora já se foi.
os olhos já não se fecham mais.
histórias de ontem e acontecimentos de amanhã.
a cabeça a mil.
bip bip bip bip
um despertador toca [não é o dela]. alguém se mexe e o som pára.
ela espera.
o silêncio reina.
ela, ela não pára. pelo menos, sua cabeça não.
sons. milhares deles ecoando, a perturbando.
totalmente perdida dentro de si.
o primeiro pássaro canta. vê-se o crepúsculo matutino.
e ela continua sem sono, lerda, perguiçosa, pensante.
bip bip bip bip
outro despertador [ainda não é o dela]. alguém se mexe e o som pára.
ela espera.
o silêncio reina.
mais pássaros cantam e um motor ronca.
um lobo uiva, um galo cacareja.
ela permanece quieta, imóvel, extática.
um frio do diabo, uns três cobertores.
um cachorro late, vários bem-te-vis discutem.
bip bip bip bip
mais um toca. alguém se mexe e o som pára.
ela espera.[se, ao menos, ela se lembrasse que o dela já tocara]
o silêncio reina.
tic tac, os segundos pesam,
tic tac, os minutos arrastam,
tic tac, duas horas voaram.
bip bip bip bip
um último despertador toca. alguém se mexe. alguém levanta.
ela também.
o silêncio some.
o dia começa.
a rotina inicia,
e ela pensa [pra não perder o hábito].
a cabeça dela em nenhum momento deixou de pensar.

domingo, 31 de agosto de 2008

engraçado.
ela sabe que ficou muito chateada. que não concorda com milhares de coisas que ele fez.
mas ela é boazinha [ou tola] e não conseguiu brigar.
na calma perguntou se ele queria conversar. se ainda existiam coisas pra se esclarecer.
[ela tinha tantas dúvidas] e ele, simplesmente, disse que estava bom do jeito que estava. já tinha acontecido, passado. pronto, deu. acabou.
[mas ela sabe que, na verdade, não é nada disso]
dias depois eles se falaram.
ela tem o poder de esquecer como nunca se viu. agiu como se estivesse tudo ótimo.
conversaram. nada muito aprofundado, tão superficial.
como sempre, ele teve que ir embora, enquanto ainda conversavam.
hoje, ela estava feliz, sem motivo. levou tudo numa boa.
ele saiu.
ela parou pra pensar.
e então, aquelas milhares de dúvidas voltaram pra importuná-la.
no coração ela não tem raiva, a mágua relativamente já passou.
mas é a razão, a razão tenta colocar seus pés no chão.
não é certo.
'a cabeça está em cima porque o coração deve segui-la'
poderia ser fácil seguir essa frase.. poderia.
aí, ela continua, pensa.
esquece.
segue a vida.
no fundo ela sabe que tudo vai voltar ao normal, cedo ou tarde,
mas, o que ela não sabe é se ela realmente gostaria disso.
obnubila-se.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

"iaiá, se eu peco é na vontade.. "

fazer uma crítica a você mesmo é difícil,
mas tem pessoas que lidam melhor com isso.
levam numa boa e refletem de verdade.
entregam seu coração com a maior naturalidade.
aceitar que podemos(e temos que) mudar
é um grande passo a se andar.
é consciência do que é preciso,
é consciência de que podemos ser pessoas melhores,
que sempre há o que aprendermos.
é sabedoria, é amadurecimento.
é aceitar que é humano,
e que erra.
mas que o erro é natural.
é da vida.
foi feito para que com ele aprendessemos.
e assim é,
pelo menos deveria ser.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

e agora José?

tentei escrever palavras bonitas
tanta raiva no coração não leva a lugar nenhum
impulsiva, com o pensamento a mil
vomitei as palavras
o dia virou, a noite me acalmou
e embora tenha escrito, de uma certa forma, pra você,
percebo que foi pra mim.
me faz tão bem.
me fez tão bem.
e agora vago pelas ruas, pensando:
vale a pena?
e aquela voizinha dizendo "você sempre se doou mais",
mas a idéia de deixar pra lá me parece tão distante
não consigo acreditar que "tudo" vai ser jogado fora..
tão difícil deixar para trás algo que não queremos..
e agora José?
o que que eu faço?

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

a culpa

É muito fácil dizer que quer passar por cima.
Não querer saber o que aconteceu.
Que medo escroto que te assombra!

Enfrenta a merda da situação.
Só... se não for importante.

Se você estiver cagando e andando pra tudo.
Está se entendendo pra não ficar brigado. Amenizando a situação...

Que ódio.
Mais raiva ainda de você não ter percebido.
Percebido que eu não estava satisfeita,
[e que ainda não estou].
a minha ironia, o meu jeito de se despedir.
Achei q você me conhecia. Achei mesmo.
Mas agora, agora eu já não sei de nada.
Eu achei que eu te conhecia.
Mas agora, agora já não sei de nada.
Não te conheço, não sei quem és.

Perdestes o senso.
O menino que fostes antes, o rapaz que tornastes um pouco depois...
És estranho, esquisito. Cruel.
És algo que não sei mais se quero perto de mim.
És fúria.
És tudo e nada.
És a dor que invade minha cabeça. És aquele que eu não quero falar.
És aquele em que todo dia penso.
És aquilo.
És sujeira. És inúmeras lembranças.
És aquilo que me faz escrever.
És um louco. [E eu mais ainda].
És tristeza. És a lágrima que, agora, choro.
És angustia e pranto.
És desastre.

Não, não és.

Eu, eu sou.
Eu sou aquilo que me faz enlouquecer.
Eu sou a esperança que não deve existir.
Eu sou quem fantasia. Eu sou quem viaja.
Eu sou quem sempre erra.
Eu sou a culpada,
a culpa é minha.
Tudo é eu,
eu sou tudo.
És tu, sou eu.
Somos verdadeiros idiotas.








e a infelicidade da certeza que nada vai ser como era antes. que pena.
que droga. que merda.
demora tanto tempo pra construir e se desfaz em um piscar.
aahh vida... ah!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

escreva!

"Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...
Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto?
Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?"
[Álvaro de Campos]


me deparei lendo esses versos hoje e confesso que me indentifiquei mto com eles. o mais engraçado disso é q os já tinha lido anteriormente, porém acho q nunca tinha parado pra pensar de verdade neles.
eu quando escrevo meus textos literários -se é q assim posso dizer- termino sem saber o que acabei de fazer. tá, pode parecer loucura mas eu juro que não é. quando vou reler, as vezes, até me assusto. nossa! fui eu que escrevi isso?é assim que eu penso? que estou me sentindo?
incrível a capacidade de abstração, de "desligamento", de "liberdade de inconsciente".
só sei que é através das palavras(escritas) que eu melhor me expresso. é quando libero aquilo que está me machucando por dentro. que conto meus maiores segredos. mais loucos sonhos. é quando faço sentido. é quando não faço sentido. é quando não sinto a menor necessidade de ser entendida. é onde me orgulho. é quando choro. e rio sozinha. é quando construo. é onde eu tenho mto prazer.
tantas vezes já escrevi como se estivesse conversando com alguém. sou capaz inclusive de ver a pessoa lendo, sipá me respondendo. sabe quando vc continua a falar de uma forma dependendo do que o outro responde?
escrever é tão bom, eu recomendo.




" e aqueles que atravancam meu caminho, eles passarão, eu passarinho."

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

'tem dias em que a saudade aperta e é quase insuportável...'

terminei de ler "a cidade do sol", do mesmo escritor de "caçador de pipas". mais uma vez é uma tragédia atrás da outra, mas que, pelo menos, tem um fim feliz. quando leio tantas tragédias, mesmo sabendo que é ficção, sinto-me abençoada. pq por mais que laila e mariam não existam de verdade, o talibã existiu, assim como as revoltas citadas no livro. quantas pessoas foram humilhadas, espancadas, mortas. pq a vida tem que ser tão difícil pra uns e tão fácil pra outros?
sei que é uma pergunta que provavelmente nunca será respondida, mas não é por isso que não deve ser feita....


a vida é uma só. olha, ela sabe escrever frases clichês. sim, é um baita clichê, mas é a mais pura verdade. como é importante ter consciencia disso. viver como se fosse o último momento, sentir prazer no mais simples. encarar de frente um problema sendo positivo. acreditar que tudo pode - e vai- dar certo. tenho só 19 anos, que experiência tenho pra passar? pode ser pouca, pra alguns insignificante, mas tudo que falo - ou melhor escrevo- é de mais puro coração. é dito sem medo do que os outros irão comentar, julgar. falo pq acho que é isso q devo fazer. até pq qnd acho q não devo, não faço. FALE. faz bem pra qualquer um. é remédio. é prazer.


"perder-se também é caminho."

terça-feira, 19 de agosto de 2008

"tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu
a gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu
a gente quer ter voz ativa no nosso destino mandar"

que dificuldade pra dormir.. milhares de pensamentos na cabeça..
refomra, maçaneta, pintura, tirar a estante da janela
a cama chega amanhã! já tá tarde, não vou conseguir acordar. vou perder a carona, merda. eu não devia ter falado com ele hoje. tão idiota. tão insignificante. se segura mulher! vc não merece isso, não é possível que não se canse. que eu faço amanhã? pára! desvia esse pensamento se não vc não vai dormir... mas vou pensar em que? não acredito que eles perderam as olimpíadas estão uma bosta. grande merdas o brasil uma medalha de ouro uhuul!vc não pode ser comentarista, já imaginou quantos palavrões vc iria falar?! hahahahah boca suja! tenho que esperar ele escrever o livro é tão triste só desgraça tariq laila mariam quanta infelicidade zzzzzzzzzzZzzZzZzzZzz

"voa voa que eu chego já... incendeia minha vida que era viajante lenta"

domingo, 3 de agosto de 2008

"os sonhos só têm poder sobre a mente do próprio sonhador; mas o dinheiro nos permite ter poder sobre a mente dos outros"

trecho do livro "Sua resposta vale um bilhão". terminei de lê-lo ontem, adorei.
não é uma narrativa mto empolgante mas a história é sensacional. o jeito com que tudo vai se desvendando.. o resumo do que acontece é o seguinte: se passa na índia, um jovem garçon pobre se inscreve em um programa de perguntas e respostas. milagrosamente ele chega até a última pergunta e a acerta, levando um bilhão de rúpias. porém, os produtores do programa não estavam preparados para isso, e se tiverem que pagar o prêmio, irão a falencia. logo tentam um jeito de incriminar o jovem. O desenrolar da história é esse menino contando como sabia todas as respostas, sendo cada capítulo do livro relacionado a uma pergunta do programa.
enfim, é um livro mto bom que vale a pena. eu recomendo =]

bjãaaao

quarta-feira, 30 de julho de 2008

desabafo!

sem muitas justificativas... o vento levou.

queria entender mtas coisas.
mas sei que no fundo não devo ter esse direito.
como as pessoas fazem grandes confusões em pequenos copos d'água!
o pior é quando essas tempestades são criadas em algo que realmente não existe.
destrói-se algo que era tão verdadeiro, puro.
e como é desesperador ser ignorado! vc tentar resolver uma situação e a outra pessoa não querer.
e ainda por cima, quando fala com vc, finge que está tudo normal, quando NÃO ESTÁ!
e a distância só influência e atrapalha mais isso tudo! ela que antes ajudava, arrisco-me até a dizer que foi ela que talvez tenha aumentado os laços do relacionamento, no momento, ela está piorando a situação!
e é triste, porque era a confiança em primeiro lugar. e hoje, quase não tem nada.
sinto saudade das telepatias... de pensar e saber que também estava "sendo pensada".
de me concentrar e conseguir fazer sentir presente, mesmo muito distante.
foi-se o tempo... e tende só a piorar..porque como a antiga frase já dizia " o perdão também cansa de perdoar". a paciência se esgota.. e o resto de admiração que ainda existe vai se consumido.. uma grande tristeza e perda.
era um amigo, um grande amigo. hoje, acho que é só mais um dentro dos milhares de conhecidos.
dói. e muito, mas chega um momento em que foi feito tudo que estava ao nosso alcance, e quando não há resposta a gente cansa. as vezes vem a lembrança.. ainda existem as fotos..a conhecidência de estar no orkut na mesma hora..mas não há troca de palavras.. nem de pensamentos.. nem de sentimentos..
o que era sólido virou pluma, levada pelo vento...
quem sabe um dia ele volte a soprar por esses lados..
mas aí, eu é que já não sei como é que vai estar..