segunda-feira, 28 de março de 2011


O barulho repetitivo do ventilador me fazia pensar. Era meio cíclico, mas inconstante. Até tornar-se igual.
O barulho repetitivo do ventilador muitas vezes me irritava. Me tirava do sério e quase me fazia gritar!
O barulho repetitivo do ventilador me fazia viajar. Entrava num transe e me levava para outro lugar.
O barulho repetitivo do ventilador me dava sono. Me embalava como uma cantiga e me fazia dormir.
O barulho repetitivo do ventilador me inspirava. E eu nunca soube bem dizer porquê.
E então o ventilador quebrou.
E não mais o barulho repetitivo do ventilador enchia aquele quarto de som.
Só que o pensar, o irritar, o vagar, o ninar e o inspirar não sumiram.
Foi aí então que eu entendi que o ventilador fora o tempo inteiro um pretexto. No fundo, não era ele que proporcionava. Era eu e minha mania de achar uma fuga. Um jeito de se prender em alguma coisa e por alguns instantes esquecer de mim.
são, demoli a deus.
demolição adeus.

Numa estranha sensação que renova
exorcizei fantasmas,
mandei-os embora.

Do sofrimento a libertação,
quantas lágrimas caíram em vão.
Mas de nada me arrependo,
com a dor se vai vivendo.

Então por favor, sem demora,
Finge que não existo e vá-se agora.
Não por dois dias, um pouco mais.
Quero sossego e quem sabe até paz.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Promessa Cumprida

pedidos incasáveis repetitivos
sobre uma época passada e remota
onde gregos e troianos brigavam
todos sempre em busca de glória

o famoso cavalo de tróia

e helena musa inspiradora
talvez hoje mais conhecida,
no horário nobre de certa emissora.

escrever em busca de mudanças

questionar se você é quem diz
agradar sobre certa implicância
quitar uma dívida, uma promessa que fiz.

nessa rima que não tem tanta graça,

que do luxo ao lixo se encaixa,
fica essa musicalidade sonora,
indo e vindo que até apavora.

gosto mais da falta de rotina,

de escrever sem perceber a linha,
começar sem ter que parar,
terminar quando eu desejar.

Vício

o vício te prende,
te tranca no fusco
inunda tua vida.

não olhas pro lado,

nem ves a prisão.
desdenha o socorro...

pede perdão.


é tarde demais,

ficas sem saída,
uma ida sem volta,
você ri ou você chora?

vício maldito,

sufoca e transborda.
ilude e gasta,
finge que foi embora.

só você pode afastar seus fantasmas.


terça-feira, 22 de março de 2011

Conhece-me?

enquanto as palavras não fizerem sentido,
pouco saberás de mim.

escondo-me nas entrelinhas,
nos cantos dos q's,
nos pingos dos i's.

crio sonhos, descrevo fantasias.
entre o real e o imaginário,
vivo a vida que sempre quis.

no dia em que decifrares o que eu escrevo
terás me conhecido por inteiro.

ciclos

se eu dissesse que fora ilusão,
estaria mentindo,
insanamente.

porque eu senti.
o prazer do momento,
o gozo da alegria,
e a dor.
de dizer tchau,
aceitar que acabou
(pelo menos pra você).

e agora,
nesse amplo vazio,
transbordo sozinha,
no canto,
a lembrar de tudo.

do primeiro dia,
dos meses,
dos anos,
do último dia.

mas me pergunto,
terá sido mesmo o último?
porque dentro de mim a vontade impera,
o sentimento implorando para que aconteça de novo.

mas a razão,
busca te compreender.
suas atitudes e palavras.
o sentido das ligações,
as entrelinhas.

talvez eu precise entender
que não há nada pra entender.
que a vida é assim,
amor,
dor,
amor,
dor.

que tudo são ciclos,
com começo meio e fim.
uns duram mais, outros menos,
mas eles sempre terminam.
sempre.

quarta-feira, 16 de março de 2011

sem saída

essa raiva que muitas vezes consome,
embora não tenha nome,
confunde meu ser.

cria expectativas,
transforma minha vida,
não deixa crescer.

invade a alma,
destrói a calma,
anseia por viver.

segue teu rumo,
perdi já o prumo,
permita-me ver.

outra saída,
só uma fugida,
inútil.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Tenha paciência

Como superar a perda? Como superar a dor que inunda o peito como um tsunami?
Como se conformar que o que foi não volta mais e que é necessário seguir em frente?
A maioria das pessoas diz que o tempo é o melhor remédio, que aos poucos ele vai nos dando força para continuar...
Mas como lidar com as lembranças? Como não se debulhar em lágrimas em meio a recordações ou mesmo coincidências que nos transportam imediatamente para o que já passou.
A morte talvez seja uma das situações mais difíceis de se encarar. Não a sua própria, porque sabe lá como é que as coisas realmente acontecem. A despedida de pessoas queridas, para uma viagem sem volta, a certeza de que para esse alguém tão amado não há amanhã. Não há um amanhã conjunto. Há o seu e o daqueles que ficaram.
Porém a despedida da morte não é a única. O termino de relacionamentos tbm entra nessa categoria. O quão difícil torna-se encontrar o outro quando ainda possuímos um sentimento que não mais é reciproco. E que dor intensa ao ver esse mesmo alguém com outro. Mais uma vez pede-se tempo, paciência. Tudo sempre se ajeita... Mas em quanto tempo? Criada em busca de metas e objetivos, que dor vagar por aí por tempo indeterminado... Preferiria mil vezes saber que ainda iria sofrer por 10, 20, 30 anos, que seja! Mas de alguma maneira me calmaria a alma ao ter a certeza que no dia x tudo iria terminar. Que insanidade sofrer sem cronometro e simplesmente ver o tempo passar sem nenhuma mudança transcorrer. Talvez a dor tenha mesmo diminuído, talvez esteja quase no fim... Não vejo a hora de ter certeza que novos ventos vem vindo e que a caravela pretende navegar pra bem longe.