terça-feira, 26 de abril de 2011

novo

talvez eu devesse ter sido mais cuidadosa,
mas agora já é tarde.

é nítido e cristalino,
tão simples pra que não haja dúvidas,
tão complexo pra criar mistério.

é delicioso e aflito.
racional, muito racional
sempre foi assim.

mas repleto de sentimento,
todos os bons.

claro, ainda tem seus medos e receios,
mas de verdade,
com a sinceridade da alma,
se entregou,
para o que tiver que ser.
e será,
e já é.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

e se eu te dissesse

e se eu te dissesse que cada segundo pesa,
que cada minuto parece mais longo
que as horas parecem ter abandonado o relógio?

e se eu te dissesse que a culpa é sua,
porque me seduz e me prende
junto a ti, me deixando sem vontade de ir.

e se eu te dissesse que só uma coisa importa,
que não há vida lá fora,
e que o aqui e o agora
só é quando estamos juntos.

e se eu te dissesse que tudo isso apavora,
na rapidez em que aflora,
mas que há muito eu não era tão feliz.

e se eu te dissesse,
te assustaria ou seria recíproco?

terça-feira, 12 de abril de 2011

sob conquista

talvez devesse ser mais cuidadosa,
não deixar essa inundação chegar.
mas como impedir o movimento,
se tem gerado tanto contentamento.

imprevista, deliciosa conquista,
que inebria tão intensamente,
confunde sentidos e pensamentos
faz até coração trepidar.

alimenta esse sentimento novo,
com carinho e bem devagar.
curte o gozo e o desafio
de deixar o tempo nos enfeitiçar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

um dia qualquer



O sol daquele dia iluminava as janelas dos prédios lindamente. Mas os raios de outono não aqueciam o suficiente para acalmar a alma. Nas sombras, o arrepio corria até a nuca, trazendo lembranças através do inconsciente. Pelo vidro, ela via o movimento insano que acontecia lá embaixo. Buzinas, falatórios, fumaça. A cidade enérgica no fervor da tarde. Apesar de suas obrigações, o que ela mais queria era estar em outro lugar. Mais calmo, tranqüilo. Acompanhada. Não sozinha no meio da multidão. A solidão de dois, que se entendem e se completam. Embora soubesse que cedo ou tarde iria acontecer, aquelas horas que restavam se arrastavam feito caracóis. Não os do seu cabelo castanho, assim como seus olhos. Os bichos que levam sua casa consigo. Ela levava seu mundo consigo. Com um papel e uma caneta ia longe, vivia suas fantasias e se transformava naquilo que gostaria de ser. Não que fosse infeliz, não a leve a mal, mas no fundo sempre existem desejos ocultos que não são revelados para ninguém. No meio das palavras ela se perdia sem contar o tempo. De olhos fechados via tudo muito real. Mas apesar dessa convicção, intimamente ela entendia que não passava de uma ilusão. Por mais profundo que fosse seu mergulho, ela sempre conseguia retornar a superfície com um pouquinho de fôlego sobrando. Aos poucos, ela foi percebendo que precisava de ambas realidades. Em seu mundo criado, ela se perderia em meio a tantas opções e viagens. Já no mundo real, repleto de rotina e obrigações, ela ajudava a criar quem realmente era. Uma pessoa não se forma somente de estudos e criações. São suas vivencias que transformam todo seu ser. E assim sendo, ela tentava diariamente vagar entre os mundos, entre os mares, entre os sonhos, entre a realidade. Uma viagem fascinante e particular.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

em uma contradição insensata
mergulhei de cabeça querendo tocar o fundo.
na distração, cansada daquela desgastante emoção
experimentei o novo e me surpreendi.

não mais corro em busca do velho,
vivo agora sem temer o mistério.
navegando por águas, que achava conhecer,
surfando em ondas que descobri renascer.

mas então, no meio dessa bagunça
indaga-me o coração com certa angustia,
como fica? como é que vai ser?
não tem um caminho, nem mesmo destino?

que mania chata de achar que tudo tem resposta,
que pra ida sempre há volta,
que o que importa é saber.
o incerto é tão certo, quanto qualquer certeza
que deveras lança dúvida e confunde o ser.