segunda-feira, 28 de março de 2011


O barulho repetitivo do ventilador me fazia pensar. Era meio cíclico, mas inconstante. Até tornar-se igual.
O barulho repetitivo do ventilador muitas vezes me irritava. Me tirava do sério e quase me fazia gritar!
O barulho repetitivo do ventilador me fazia viajar. Entrava num transe e me levava para outro lugar.
O barulho repetitivo do ventilador me dava sono. Me embalava como uma cantiga e me fazia dormir.
O barulho repetitivo do ventilador me inspirava. E eu nunca soube bem dizer porquê.
E então o ventilador quebrou.
E não mais o barulho repetitivo do ventilador enchia aquele quarto de som.
Só que o pensar, o irritar, o vagar, o ninar e o inspirar não sumiram.
Foi aí então que eu entendi que o ventilador fora o tempo inteiro um pretexto. No fundo, não era ele que proporcionava. Era eu e minha mania de achar uma fuga. Um jeito de se prender em alguma coisa e por alguns instantes esquecer de mim.

Um comentário:

Unknown disse...

Ventiladores com som alto pode estar com problemas...