quarta-feira, 29 de setembro de 2010

segue, então.

Dois dias depois,
o mais presente
é a ausência.
mas como medí-la?
como calcular algo que,
na teoria,
não está ali?

em meio a rotina,
a cabeça segue o ritmo.
a dor às vezes inunda,
e as lágrimas vêm.

torna-se menos frequente,
mas não há mudança na intensidade.
a ausência nunca foi tão sentida.
o não estar ali nunca doeu tanto.

e tudo ainda lembra você,
tudo.
vai dor,
de pouquinho em pouquinho,
deixando esse corpo,
libertando-o para um novo amor.

vai dor,
lliberta-me por favor.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010


como um cargueiro no oceano,
a dor rasgou meu coração.
os olhos transbordaram lágrimas,
que jorraram num lamento interminável.

só vinham imagens,
todas boas,
dos melhores momentos.

e o não acreditar,
que ao chegar em casa
não estaria ali.
não haveria o latido,
tantas vezes insuportável,
que hoje faz falta.

não teria o carinho,
o olhar esperando um pouco de atenção,
disposto a amar a hora que fosse...

13 anos de vida,
vida boa,
alegre,
saudável.

tão forte,
aguentou dores sem um som.
provavelmente em seu lugar,
teria eu feito um escândalo.

como dói aqui dentro,
e em meio a uma nova tempestade de lágrimas,
me perco.
já não sei mais se quero escrever coisas boas,
falar sobre a saudade,
ou da dor.

segue vida,
segue.

yafé,
tão lindo,
 como o nome em hebraico já dizia,
amei com tanta sinceridade e força.
ontem,
hoje,
pra sempre,
aonde estiver.
que esteja em paz.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

crise de surto

em meio a um momento bom,
a crise chega.
sem hora marcada, ou previsão de partida.
se instala, gruda feito chiclete no cabelo,
ou superbonder nos dedos.
haja (com ou sem h?)
água quente pra tirar.

não quer partir,
abraçou o coração.
e enquanto a razão bate no tatame três vezes,
mostrando que desiste,

ela não está nem aí.

gostou do lugar quente onde se encontrou.
ali,
ela tem alimento.
os medos, dúvidas, anseios,
quem não tem um monte que guarda bem fundo?

e então como respirar,
como subir à superfície com uma pedra amarrada aos pés
nos afogando mar a dentro.
como sobreviver em meio a loucura que nossas questões nos provocam?

sentir, pensar, lembrar.
por mais díficil que seja,
por mais distante que esteja,
hemuná.
fé.
creia.
já dizia a música infantil,
"não diga nunca e nem diga jamais,
não diga nunca cherie"
pois tudo é possível para aqueles que gorjeiam,
e encontram na mais pronfunda tristeza
um ponto de luz.

tempos

seguevaiavançacorre
c
a
a
a
a
l
m
a
não adianta ultrapassar o sinal vermelho!
aceleratensosuaassusta
grrrrrrrrrrrrrrrita!
ufa!
era só um pombo.
segue em frente,
vira a atierid
tá chegando,
agora não tem porque correr.
triiiiiiiiiiiiiiiim,
telefone toca.
oitudobemcomovai?
voubemevc?
tamochegando
r
e
l
a
x
aaí
okbeijo.
1
2
3
4
5
minuitos depois..
dindooooon
oiquerida!
olá!
sejambemvindos!
.
.
.
tudo tem seu tempo,
t
e
m
p
o
tempotempotempotempo
p
a
r
a
!
olhe e pense,
de novo,
de boa,
não
a
c
e
l
e
r
e
nemvátãodevagar.
curta e sinta,
a vida segue,
sempre
s e g u e .. . . .

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

fechando a conta

Apesar de tudo,
eu tenho certeza.
e por mais que em cada escolha,
um outra fique para trás,
por mais que a cada porta,
uma janela poderia ser aberta,
ou mesmo uma fresta poderia ter restado,
eu sei,
com todo o meu ser,
e todas as minhas forças,
que eu fiz de tudo.

catei as variáveis,
os x, y, z, da questão.
somei,
multipliquei,
dividi,
elevei, 
diminuí.
igualei,
inventei,
e depois de tudo,
cansei.

cheguei a um resultado inesperado,
mas que saber?
eu sempre amei supresas!
e agora,
fazer o que ?
pagar o 10% e 
seguir em frente,
sempre seguir.

ali na esquina tem outro bar,
e então começa tudo de novo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

caminhos



eu sabia que isso iria acontecer, cedo ou tarde.
a princípio, acreditava que iria doer.
não muito, mas uma leve falta.
só que a gente não controla a vida,
e ela toma rumos que, algumas vezes, nem passaram por nossa cabeça.
um reviravolta total.

surgem novos caminhos,
e aquele peso que parecia enorme,
aquele medo,
some.

resolve-se deixar acontecer,
ver no que que dá.
e dá.
sempre dá em alguma coisa.

o fim se aproxima,
é cada vez mais evidente,
certo.

mas não dói.
fica a lembrança, boa, confusa.
fica o querer bem.

nada que aqui acontece é por acaso,
muito menos coincidência.
tem um por quê,
a diferença é que nem sempre conseguimos enxergá-lo.

então o que eu posso concluir,
siga vida, siga.
cada um por seu caminho,
através de suas escolhas.
e faça,
faça tudo que te der na telha,
para depois,
quando uma nova reviravolta chegar,
você não ficar se perguntando como teria sido.

eu fiz tudo,
fiz de tudo.
e você,
 fez?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Embaixo da sombra

Não se sabe quanto tempo essa situação vai seguir assim...
Eles se divertem juntos e se gostam - por mais que não saibam o quanto.

Ela sabe que eles só irão perceber o valor que tem, um para o outro, quando tudo terminar.
Infelizmente, nós humanos, na grande maioria das vezes, só  percebemos o valor que as pessoas têm quando as magoamos ou perdemos.
Talvez eles irão ver que não passava de um comodismo bobo, onde se tinha prazer e diversão em alguns dias da semana.
Talvez ela irá perceber que não passava de insegurança, falta de coragem e disposição pra começar um novo relacionamento.
Talvez ele irá perceber que realmente existem outras prioridades, mas que equilibrio é fundamental. E aí sentirá falta dela, muita.

Mas esses "talvez" não passam de suposições, fantasias.

No fundo, ela sabe que tem medo. Não de perdê-lo, mas de escolher o que  realmente quer. Medo de tomar uma decisão e não saber lidar com as consequências. Medo de dizer sim, que quer, e sofrer se for necessário.Medo de dizer é isso, acabou, e depois se arrepender.

No fundo, ele sabe que tem medo. Não de perdê-la, mas de magoá-la. De tomar uma decisão e não saber lidar com as consequências. Medo de dizer sim, que quer, e decepcioná-la. Medo de dizer não, é o fim, e não ter mais uma nova chance.

Falando assim parece até que não tem volta, recomeço.
Como se eles não pudessem mudar de ideia e conciliar.

Porque será que é tão difícil enfrentar nossas dúvidas?
"Me sinto uma covarde, se escondendo dentro de mim mesma. Que rídiculo, eu sei".
Foi o que ela escrevera, horas atrás.

"Talvez você devesse terminar. Ia me poupar a escolha, porque meu orgulho não me deixaria correr atrás de ti por mais que minha razão e coração chegassem à um consenso.
Você que sempre transferiu tudo pra mim, 'você que faz tudo'".
Ela desabafou sozinha, falando com a caneta.

Ele não disse nada, ficou na dele. Foi jantar, tomar banho, ver tv.
Pensou um pouco, mas guardou pra si.

Dois medrosos que em suas próprias sombras se escondem,
parados entre o próximo passo e o anterior,
presos.
E por mais irônico que possa parecer,
juntos,
na mesma dúvida.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

com o tempo a gente passa a se conhecer melhor.
é inevitável, faz parte.
o dia seguinte era importante,
mas ela estava evitando pensar nisso.
na verdade, havia tempo que ela já estava evitando pensar em muita coisa.
tantas decisões e escolhas que precisava fazer,
mas eram tantas dúvidas.

a noite chegou,
já era pra lá de meia noite
e nada.
não havia sono, preguiça, cansaço.
a mente estava ativa, parecia que tinha acabado de despertar.
ao seu lado, ele já dormia.
logo naquela noite que ela tanto precisava de companhia,
naquele dia, o cansaço dele fora mais forte.
então só, apesar de acompanhada,
ela esperou,
esperou
e esperou.

o sono custou a chegar,
e quando viu já era manhã.
hora dele ir embora.
se atrasou, como sempre.

ela dormiu,
não tinha condições de ficar acordada esperando a hora passar,
iria demorar muito.

o resto do dia correu bem.
o que ela mais temia deu certo.
mas não houveram surpresas.

pena.
se ao menos soubessem que é disso que ela mais gosta...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

começo do fim, começo sem fim

dois meses e vinte dias,
oitenta dias.
todo dia,
rotina,
certeza.

início,
incerto,
duvidoso.
surpresa agradável,
manhã ou meio do dia,
noite.

meio,
certo.
frequente,
espera sem medo.
e acontece,
porque sabe que vai acontecer.
envolve,
se envolve.

fim,
será o fim?
início do fim?
espera,
dúvida,
você pediu assim,
aguenta.
duvida.
acerta.
nada.

e agora?