terça-feira, 14 de setembro de 2010

Embaixo da sombra

Não se sabe quanto tempo essa situação vai seguir assim...
Eles se divertem juntos e se gostam - por mais que não saibam o quanto.

Ela sabe que eles só irão perceber o valor que tem, um para o outro, quando tudo terminar.
Infelizmente, nós humanos, na grande maioria das vezes, só  percebemos o valor que as pessoas têm quando as magoamos ou perdemos.
Talvez eles irão ver que não passava de um comodismo bobo, onde se tinha prazer e diversão em alguns dias da semana.
Talvez ela irá perceber que não passava de insegurança, falta de coragem e disposição pra começar um novo relacionamento.
Talvez ele irá perceber que realmente existem outras prioridades, mas que equilibrio é fundamental. E aí sentirá falta dela, muita.

Mas esses "talvez" não passam de suposições, fantasias.

No fundo, ela sabe que tem medo. Não de perdê-lo, mas de escolher o que  realmente quer. Medo de tomar uma decisão e não saber lidar com as consequências. Medo de dizer sim, que quer, e sofrer se for necessário.Medo de dizer é isso, acabou, e depois se arrepender.

No fundo, ele sabe que tem medo. Não de perdê-la, mas de magoá-la. De tomar uma decisão e não saber lidar com as consequências. Medo de dizer sim, que quer, e decepcioná-la. Medo de dizer não, é o fim, e não ter mais uma nova chance.

Falando assim parece até que não tem volta, recomeço.
Como se eles não pudessem mudar de ideia e conciliar.

Porque será que é tão difícil enfrentar nossas dúvidas?
"Me sinto uma covarde, se escondendo dentro de mim mesma. Que rídiculo, eu sei".
Foi o que ela escrevera, horas atrás.

"Talvez você devesse terminar. Ia me poupar a escolha, porque meu orgulho não me deixaria correr atrás de ti por mais que minha razão e coração chegassem à um consenso.
Você que sempre transferiu tudo pra mim, 'você que faz tudo'".
Ela desabafou sozinha, falando com a caneta.

Ele não disse nada, ficou na dele. Foi jantar, tomar banho, ver tv.
Pensou um pouco, mas guardou pra si.

Dois medrosos que em suas próprias sombras se escondem,
parados entre o próximo passo e o anterior,
presos.
E por mais irônico que possa parecer,
juntos,
na mesma dúvida.

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