quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sabotagem

por que essa dor cotidiana,
que ilude e engana,
finge ter ido embora,
mas atormenta e apavora?

por que essas memórias sórdidas
inundam a mente
e dilaceram meu coração?

nascente de lágrimas,
abertas as cicatrizes.
masoquismo barato,
que irradia pele,
e segue sem fim.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

criação

na tela branca a vontade de preencher.
inundar de palavras o vazio
uma busca de sentidos e significados
que muitas vezes
acabam por nada dizer.

e como um ciclo vicioso,
quase sempre é a mesma ladainha.
o cursor martela
enquanto aguarda.
um pouco como um metrônomo,
continuo e certo.
indiferente aos fatos,
seguindo seu curso.

vez ou outra,
nasce uma enxurrada,
terminando rapidamente o trabalho.
em outras,
demora.
como demora!
até desiste,
não era o momento.

passa o tempo,
minutos, horas, dias, às vezes meses,
quem sabe anos.
e então, nos segundos em que digita,
tudo para.

faz-se silêncio,
só restam as palavras,
que juntas formam frases, parágrafos, texto.
e o cursor,
tão irritante muitas vezes,
na digitação não bate,
não pisca, não altera.
segue firme a ordem dos dedos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

prelúdio

e reúne forças mais uma vez.
fica muda,
quieta.
em si,
consigo,
só.

não sozinha,
intrínseca.
no sonho das possibilidades,
na ilusão da realidade.
viaja no pensamento translúcido,
que obnubila,
confunde.

veste a fantasia,
mas não pendura a máscara.
dá a cara a tapa,
disposta pro que der e vier.
encara as consequências,
apesar de brigar com as escolhas.

vai,
volta,
acredita,
arrepende.
ninguém sabe o amanhã.
no fundo, ainda há esperança,
apesar de saber que há tempos,
deveras está morta.

será?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

escolher, crescer, só.

ando bastante bipolar ultimamente.
não que eu normalmente não seja,
mas sinto como se estivesse tri, polipolar.
talvez seja essa fase de superações,
mudanças, términos, inícios.

há exatos 8 meses cheguei a conclusão que tinha dificuldade com escolhas.
sempre me deixei levar na maioria das circunstâncias,
coisas banais como em qual restaurante jantar,
ou que filme assistir.
nunca fui muito de bater martelo, não arredar o pé.
talvez porque no fundo não quisesse eu mesma ter que decidir.

descobri também que o problema não é entre o sim e o não.
tudo se complica quando eu passo a ter mais de duas opções.
no caso citado como conclusivo, eram 4.
talvez tenha feito a melhor escolha,
talvez não.
mas isso é algo que nunca irei saber.

a realidade é que hoje,
após inúmeras escolhas já escolhidas,
me perdoe a redundância,
percebo que isso é um problema.

a vida é uma eterna escada com múltiplos degraus,
nos levando para todos os cantos possíveis.
e como escolher para onde ir?
claro, a balança.
os prós e contras.
até parece que é tão simples assim.

talvez seja tão difícil devido as consequências.
talvez seja porque escolher é crescer,
e muitas vezes esse processo dói.
não pretendo ser conclusiva,
até porque não saberia como faze-lo.

então sigo,
como sempre.
em busca das minhas escolhas,
porque pra complicar mais ainda,
só a gente pode decidir.
estamos eternamente sós,
apesar de quase sempre acompanhados.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

talvez seja uma qualidade,
ou um defeito?
perdoa fácil, esquece rápido.
segunda chance,
tenta de novo.
mas não vacila,
memória fica.
todos merecem uma segunda chance,
quase todos.