quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

inesperado

Como um golpe inesperado, ela ficou sabendo da verdade. E toda aquela imagem que construíra,
depois de meses, foi destruída. Forçou-se a pensar de novo, tentar achar erros, ganchos, brechas.
Sentiu-se ingênua. (Quem diria!)
Havia tomado tanto cuidado, foram tantos avisos!
E definitivamente saíra-se bem, até então.
E não que seja o fim do mundo, ela não é assim tão dramática e logo logo já terá esquecido tudo.
Mas agora, enquanto as palavras ainda ardem frescas em sua mente, sente-se tola.
Realmente tinha achado que poderia ser diferente e que a imagem que os outros tinham estava errada, possivelmente distorcida. Talvez  ela só quisesse provar que nem tudo é o que parece e que ela era capaz de enxergar além do julgamento, capaz de mudar o outro.
Que ilusão.
Foi enganada assim como todas as outras.
E agora fica se questionando, imaginando. Talvez seja melhor deixar pra lá, certas coisas ficam mais fáceis esquecidas, trancafiadas, encostadas no fundo de um baú.
Incrédula, fica inquieta. Quer confrontá-lo, exigir as verdades inteiras, está cansada das meias.
Mas do que adiantaria? Indaga-se.
Liga a música, pega um livro e vai ler.
Fantasias não decepcionam.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

reerguer


Talvez em meio ao devaneios, ela tenha se perdido.Com tantos sonhos, tantas dúvidas, medos e inseguranças, num mar tempestuoso, cheio de ondas que sobem tão alto e descem bruscamente, a levando ao chão. Talvez sua máscara esteja desgastada, a concha pequena demais para abrigar todos seus pensamentos críticos e temidos. Mas pode ser que seja o peso do amadurecer, do constatar que és mulher e não menina. Aceitar dias difíceis, inseguranças. Entender que não dá pra saber o amanhã e que não adianta morrer de ansiedade por isso. Talvez seja o fato de ser sempre a conselheira, a que dá os conselhos certos, que ouve os obrigada por tudo, por ser quem você é, por saber dizer o que preciso ouvir, seja bom ou ruim. Talvez agora consiga enxergar como é difícil pros que pedem ajuda. Baixar a guarda e abrir a casa, deixar entrar e ver seus rasgos, cicatrizes. Tantas feridas ainda abertas, que custam a sarar. E o que faz agora? Pra onde vai? Como fica? E então chora descompassadamente. Mas lembra de alguns ombros que sempre estiveram ali e que não vão desistir de você. Porque foi você que os buscou no fundo do poço e quando é pra valer não dá pra esquecer.  Tantas vezes foi puxando a corda do baldinho lentamente, para que cada um conseguisse voltar a si. Às vezes mudados, tantas vezes feridos, em cacos. Mas juntando todos os pedaços, juntos se reergueram. E por que agora seria diferente? Talvez só precise entrar no balde, mas ele parece tão obscuro daqui. E lembra daquela voz dizendo firme: " nós não vamos desistir de você, nem que tenhamos que te arrastar". E então respira fundo, toma coragem e vai. Um passo de cada vez, vai ao encontro daqueles velhos rostos conhecidos, acolhedores. Pronta pra uma longa conversa com muitas lágrimas, mas tem certeza que com um sorriso no final.